(Ethan)Voltei pra casa no fim da noite, exausto. Meus passos me levaram até a cabana que estávamos usando antes da mudança oficial. Havia algo reconfortante naquele lugar, mas assim que abri a porta, percebi que algo estava errado.Estava quieto demais.Não havia cheiro de comida no ar, nem vozes, nem passos apressados. Nenhuma bruxa, nenhum lobo. E, principalmente, nenhum sinal de Ella.Fechei a porta devagar atrás de mim, franzindo o cenho. Eu sabia que tinha passado o dia fora, mas... todos tinham sumido? Não era nenhuma data especial, ou era, e eu tinha esquecido? Minha cabeça andava tão cheia que já não confiava nem na minha memória.Ella.Meu peito apertou.Eu não sentia o cheiro dela ali. Nenhum traço recente.Pensei o pior — que ela tivesse ido embora, fugido, me deixado. Talvez por raiva, por impulso, por mágoa...Me joguei no sofá da sala e passei as mãos nos cabelos, frustrado, sem saber o que fazer. Tudo nela era um caos dentro de mim. Um caos que eu aceitava de bom grado
(Ella)Eu sentia.Sentia que ele estava no limite.Pronto pra ceder.E o mais delicioso disso era saber que ele o faria por mim.A forma como Ethan se entregava, como me olhava com os olhos escuros de desejo, era um contraste brutal com o homem controlado que ele sempre foi. O alfa. O exilado. O predador.Naquela noite... ele se tornou meu. Do jeito que eu quisesse. Submisso. Pronto pra obedecer.E eu?Eu estava disposta.Mais do que isso.Estava faminta.Queria fazer as pazes da forma mais carnal possível — e só depois, conversar.Me levantei, com os cabelos caindo pelos ombros, sentindo a pele quente do nosso toque anterior. Estendi a mão pra ele, firme.— Me leva pra fora.Ele me encarou, confuso.— O quê? Agora?— Agora — murmurei, com um sorriso nos lábios. — Confia em mim e me obedeça.Sem dizer uma palavra, ele se levantou. Estava tão bonito... o peito nu, marcado por cicatrizes, e os olhos brilhando com aquela coloração azul profunda que, aos poucos, ia escurecendo.Eu conheci
(Ethan)Ella estava deitada ao meu lado, completamente inconsciente. Não de exaustão... mas de prazer.O tipo de prazer que não se explica com palavras.O tipo de prazer que eu jamais imaginei proporcionar a alguém — muito menos na forma do meu lobo.Meus pelos aqueciam o corpo nu e sensível dela, que respirava de maneira lenta, como se ainda estivesse presa no sonho selvagem que compartilhamos. Nossos corações batiam em sincronia. Calmos. Unidos.Eu não me movi. Não queria quebrar aquele momento. Porque, apesar da intensidade, do instinto bruto, do nó... havia algo profundamente sagrado naquela união.A forma como meu lobo se conteve... como ele se entregou por completo... Era contra a natureza dele. Contra tudo que somos. Mas pelo amor que sentimos por Ella, ele escolheu proteger. Escolheu ser gentil. E ainda assim foi a coisa mais sensual que já fizemos.E quando ela não estiver mais grávida...Quando eu não precisar conter o lado mais animal, mais brutal... Meu lobo vai tomar o qu
(Ella)No dia seguinte, acordei mais tranquila. Algo dentro de mim dizia que as coisas iam se ajeitar, que estávamos no caminho certo. Ethan conversou muito comigo e abriu seu coração de um jeito que me desmontou por dentro. Ele também estava lidando com tudo isso, tentando ser forte por mim, por nós… e por nosso filho.Os olhos dele sobre mim… meu Deus. Era como se ele me enxergasse de verdade. Sem filtros, sem medo. Era amor puro, cru. Real. Nada no mundo poderia tirar aquilo de nós. Eu estava tão feliz. Feliz de saber que ele cuidou de tudo, inclusive da ida do meu pai. Papai estava ótimo, disse que o lugar era tranquilo, perto da praia, e que seria bom pra ele recomeçar. Ele me ligava quase todo dia, preocupado e ao mesmo tempo animado. E eu… eu me sentia mais leve.As coisas iam melhorar. Eu queria acreditar nisso. Queria que papai voltasse antes do nosso filho nascer. Queria que ele estivesse aqui nesse momento, pra ver o quanto as coisas estavam mudando. E além de tudo aquilo,
(Ethan)Os dias passaram como um borrão. E quando percebi, Bryce já estava aqui para buscar Ella.Eu colocava as últimas coisas dela no carro, enquanto ele me ajudava em silêncio. A cada bolsa guardada, parecia que eu empacotava um pedaço do meu coração.— O lugar pra onde vamos não tem sinal de celular — ele comentou, sem rodeios.Minha testa franziu na hora. Aquilo me incomodou. Um mundo sem notícias dela?— Mas tenho certeza que Dominique vai arrumar um jeito pra vocês se falarem — ele completou, percebendo minha expressão. — Ela é muito boa nisso.Assenti, tentando parecer mais calmo do que realmente estava. Meus olhos, no entanto, estavam nela.Ella se despedia das pessoas próximas. Recebia abraços, sorrisos, conselhos. Dália também se preparava para partir. Ela ficaria com um grupo de ômegas exilados de confiança, fora de comunidades organizadas, mas vivendo com conforto e segurança. Lá, poderia ter seu parto longe dos riscos e das sombras que ainda pairavam sobre nós.Ella fina
(Ella)A pele dele estava sobre meu colo. Eu a levei escondida, sem saber se Ethan tinha notado. Mas, sinceramente, não me importava. Eu precisava dela… do cheiro dele… de qualquer coisa que me fizesse sentir um pouco menos longe. Segurava com uma das mãos o colar que ele me deu, os dedos apertando com força como se isso me fizesse sentir mais firme.A aflição não era sobre para onde estávamos indo. Era por ele. Por Ethan. Pelos olhos que deixei pra trás. Pela forma como ele me olhou pela última vez. Como ele segurou minha cintura e encostou a testa na minha. Ele estava quebrado. E eu também.— Está com frio, minha Luna? — Liora perguntou, com cuidado.— Não. Só… estou meio enjoada de novo. — murmurei. — Não estamos chegando ainda?— Bryce disse que estamos quase lá. — ela respondeu com a voz baixa. — Mas o engraçado é que estamos aqui muitas horas e está me batendo um sono. — digo já sonolenta.E então, antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa, vi o nevoeiro. Espesso e silenc
(Ethan)Foram dias até que eu recebesse uma ligação de Bryce. Ele me levou para uma cidade vizinha para que eu pudesse falar com Ella de maneira segura. O som do mar batia ritmado contra o casco do navio enquanto eu esperava. Bryce conectava os cabos com precisão quase irritante, murmurando códigos que pareciam feitiços.— Está pronto? — perguntei, incapaz de disfarçar a urgência na minha voz.Ele assentiu. — É agora ou nunca. Temos dez minutos antes que o sinal possa ser rastreado.Engoli em seco. Minhas mãos suavam. Fazia dias. Dias longos sem ouvir sua voz, sem sentir seu cheiro. A saudade me devorava por dentro como uma fera presa.A tela tremulou. Um chiado. Depois, uma voz. Fraca, mas inconfundível.— Alô?Meu coração quase parou. — Ella?Silêncio. Depois, uma respiração presa. Um soluço.— Ethan? Ethan, é você mesmo?Fechei os olhos e respirei fundo, tentando conter a emoção que me sufocava. — Sou eu, minha pequena lua.Ela chorou. E ao ouvir aquele som, tudo dentro de mim que
A noite estava pesada, carregada de um silêncio incomum para a floresta. Ethan sentia o ar denso ao seu redor, o cheiro de folhas úmidas e terra misturando-se com algo que ele não identificava, mas que lhe causava um incômodo profundo. Ele avançava devagar, seus sentidos alertas, cada passo ressoando no vazio do bosque como uma ameaça latente.Por mais que tivesse tentado se afastar dos corredores e rituais do conselho, a convocação daquela noite foi estranha e urgente. E Lucian, seu irmão, nunca se mostrou tão interessado nos costumes da alcatéia antes... Até agora. Mesmo assim, Ethan não poderia ignorar o chamado. Ele era o filho do alfa, o próximo líder, e sua ausência seria notada.Ao atravessar a clareira, ele encontrou o círculo reunido em silêncio absoluto. Lucian estava à frente, a expressão sombria e os olhos fixos em algo que os demais tentavam evitar olhar diretamente: o corpo de um dos anciões, caído e imóvel no centro do círculo, como uma sentença pronunciada antes mesmo