A Travessia das Terras Cinzentas
A floresta viva parava ali. O verde se desfazia como tinta lavada por lågrimas de chuva. à frente de nós, tudo era seco, quebradiço, sem cor. Nem mesmo o vento se atrevia a soprar nas Terras Cinzentas. O solo estava rachado, as årvores pareciam cadåveres retorcidos e as sombras... ah, as sombras tinham vida própria.
Dei o primeiro passo.
O ar mudou. Ficou denso, pesado. Como se algo me pressionasse por dentro. Selene rugiu em minha mente, desconfortĂĄvel.
â Isso nĂŁo Ă© natural â murmurou Marco atrĂĄs de mim. â Nem a morte Ă© assim tĂŁo silenciosa.
Rafael não disse nada. Seu olhar estava fixo adiante, como se sentisse o véu entre os mundos se afinando a cada metro. Zahor, seu lobo, parecia inquieto. A energia do lugar era perversa, mas também⊠antiga. Como um grito congelado no tempo.
â Precisamos atravessar antes que a noite caia â disse Rafael, finalmente. â Ă noite, este lugar se mexe.
â Se mexe? â Marco arqueou uma sobrancelha. â Isso Ă© uma metĂĄfora?
â N