🌒 Capítulo 47

Farpas na Pele e Laços no Sangue

A noite chegou espessa como óleo negro, abafando a floresta num silêncio que mais parecia um aviso.

Sorren havia partido, mas seu cheiro ainda impregnava os corredores da mansão — doce demais para ser confiável, forte demais para ser ignorado.

Desde a chegada dele, algo se quebrava aos poucos entre os que me cercavam.

Como se o medo e o desejo se entrelaçassem e puxassem cordas invisíveis entre nós.

Kael estava diferente.

Mais protetor.

Mais inquieto.

— Ele te tocou com os olhos — disse. — E você não o cortou por isso.

— Você acha que eu deveria ter feito o quê, Kael? Atacado um embaixador diante do conselho?

— Acho que você deveria ter mostrado que é minha.

A palavra queimou.

— Sua?

Selyra rugiu dentro de mim.

> “Não pertenço a ninguém.

Nem aos de antes, nem aos de agora.”

— Você me tocou. Me desejou. Me teve. Mas isso não te dá posse — sussurrei, firme.

Kael se aproximou, os olhos dourados inflamando.

— Então diga.

Agora.

Diante de mim.

Que não me qu
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