Voss caminhava em silêncio pela Rua Galvão Bueno, rastreando a fonte das anomalias, o casaco marcado pelo vento ácido que ainda riscava o ar em correntes irregulares.
As lanternas vermelhas penduradas ao longo da via haviam sido arrancadas, restando apenas os cabos balançando no vazio.
As vitrines estavam partidas, o asfalto rachado em espirais, e os prédios próximos pareciam respirar devagar — como se o próprio concreto tivesse sido contaminado pela distorção do Éter.
Os passos dele eram leves, mas o espaço cedia discretamente a cada movimento — reconhecendo sua presença antes mesmo que ele falasse.
Quando parou, o mundo pareceu prender a respiração.
A rua diante dele estava quieta demais.
Nenhum corpo. Nenhum grito. Apenas o cheiro seco do tempo revertido — um aroma frio, como metal após um relâmpago.
A poeira branca cobria o chão como neve morta, refletindo luzes pálidas que vinham de lugar nenhum.
Ele ergueu o olhar por trás das lentes escurecidas.
À distância, uma única silhueta