CAPÍTULO 52
O morro respirava diferente. Quinze dias de recuperação de Lavínia haviam virado quase um marco para a comunidade: a mulher que quase morreu agora caminhava de cabeça erguida, abraçada pelas mães, admirada pelas meninas e respeitada pelos homens. A barriga crescia, símbolo de continuidade, e cada olhar que caía sobre ela carregava esperança.
Mas para RB, esperança nunca bastava. Ele sabia que o poder não sobrevivia só de sonhos e abraços. O respeito conquistado precisava ser alimentado com disciplina, e a disciplina, muitas vezes, tinha cheiro de pólvora.
No alto da mansão, RB olhava para a comunidade. As ruas estavam mais limpas, as crianças voltaram a correr, as mulheres organizavam cursos improvisados de costura, culinária e, principalmente, de passarela. Lavínia transformava o improviso em espetáculo. As meninas desfilavam desajeitadas no início, mas aos poucos ganhavam postura e confiança. E isso, no morro, valia tanto quanto uma arma carregada.
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