CAPÍTULO 31
RB NARRANDO
No outro dia, acordei antes do sol. Tava com a mente a mil. O peso do que fiz antes do casamento tava martelando minha cabeça igual batida de tambor em ensaio de escola de samba. A Lavínia dormia tranquila, de ladinho, abraçada ao travesseiro como se fosse eu. Meu coração apertou.
Levantei devagar, sem fazer barulho. Desci pra cozinha, peguei meu celular e mandei mensagem pro Beto:
— Pega o vapor do Complexo e leva os remédios da Mirtes. Vê onde essa doutora mora, com quem anda, se tem algo fora do lugar. Qualquer coisa errada, me avisa.
A resposta veio em segundos:
— Tá na mão, chefia. Vou pessoalmente.
Desliguei. Fiquei encarando o copo d'água que tinha pego e nem bebi. A verdade é que eu sabia que Mirtes podia usar qualquer arma pra tentar me derrubar. E essa gravidez era a porra da granada na mão dela. Eu precisava ser mais rápido. Mais frio.
Subi, entrei no banheiro, tomei um banho gelado. Lavei o rosto como se desse pra tirar a culpa junto com a água. Qua