CAPÍTULO 30
RB NARRANDO
O carro tava em silêncio desde que saímos do consultório.
A doutora fez o teatro certinho, do jeito que ela e Mirtes tinham ensaiado — e eu sabia que tinha algo errado ali. Tinha aquele exagero no tom, aquela pausa dramática, aquela lágrima falsa. Mas mesmo assim... me pegou.
Um filho é um filho. E mesmo que eu não tenha planejado, mesmo que essa criança seja fruto de uma porra de momento que eu queria apagar, ainda assim... é meu.
Olhei pro lado. Lavínia tava com o olhar fixo na frente. Linda, elegante, silenciosa.
Sabia que por dentro ela tava cheia de perguntas. Mas não disse nada. E isso me pesava mais do que qualquer grito.
— Você tá quieta — falei, sem tirar a mão do volante.
— Você também.
— Tá pensando o quê?
— Que você tá caindo no jogo dela.
Suspirei. Era isso que eu temia.
— Não é sobre cair, Lavínia. É sobre fazer o que é certo. Ela tá grávida.
— E você acha que isso justifica tudo? Justifica ela tentar entrar de novo na sua vida? Just