CAPÍTULO 32
LAVÍNIA NARRANDO
RB andava calado demais. Pensativo. O olhar perdido, os dedos batendo sem ritmo na mesa, a testa franzida até enquanto comia. Já fazia dias que eu percebia, mas agora tava escancarado. Ele tava preso dentro da própria cabeça, e não era difícil imaginar o motivo.
Subi pro quarto e fiquei observando ele pela fresta da porta. Sentado na beira da cama, olhando pro chão como se procurasse as respostas que não tinha coragem de me dar. Respirei fundo, empurrei a porta devagar.
— RB... a gente precisa conversar.
Ele levantou o rosto devagar, como se esperasse esse momento com medo. Os olhos dele não conseguiram encarar os meus por muito tempo.
— Que foi, Lav?
Me aproximei, sentei do lado dele. O silêncio do quarto pesava nos ombros.
— Cê anda diferente. Tá distante. Tá com a cabeça em outro lugar... E eu sei que não é por causa dos corres.
Ele passou a mão na nuca, respirou fundo, e demorou alguns segundos pra responder. Mas eu já sabia. Só queria que ele