— Não, não me sinto. — Digo pela primeira vez sentindo o choro me tomar sem controle algum. Os soluços balançavam meu corpo e Maria me abraçou apertado e eu retribui.— Shiii! — Ela disse ainda me abraçando. — Não desanime. Apenas se lembre, Bea, que pode ser uma maratona, não cem metros rasos. — Balancei a cabeça concordando.Ficamos abraçadas por longos minutos até sentir que minhas emoções ficaram controladas. Maria prometeu realizarmos mais sessões e eu aceitei, pois, sei que me fará bem.Quando vimos, já era quase meio-dia, e como o senhor Edward havia dado folga a ela, nós almoçamos, para depois comprar algumas roupas de frio e para o meu dia a dia. Após as compras, eu implorei a Maria para me passar a nota de tudo que foi comprado, mas ela não quis me dar, dizendo ser ordem do senhor Edward.Se ele pensa que pagará pelas minhas roupas está muito enganado. Penso determinada.Para não esquecer, aproveitei para comprar o banquinho, contudo, como achei os banquinhos baixos demais,
As horas passaram rapidamente, eu já havia feito a janta, enquanto a roupa lavava. Após jantar com Levi, o ajudei no dever de casa, depois ele assistiu desenho na sala de estar, enquanto passei as roupas lavadas. Após organizar as roupas do senhor Edward e Felipe no cesto, coloquei no carrinho auxiliar e guardei em seus devidos lugares.O quarto do senhor Felipe era muito parecido com o quarto que eu e Levi ocupamos, claro que a vista da janela dele era mais bonita, enquanto a minha só se via prédios, a dele podia ver algumas poucas árvores. A diferença entre o quarto dele com o meu, eram as cores. A cor cinza era a que mais predominava. As paredes e o teto estavam pintados de cinza-escuro, até os lençóis da cama queen eram cinza-escuro.Agora sei de quem são os lençóis de cama cinza-escuro e claro. Pensei deduzindo que o senhor Felipe é fissurado na cor cinza.Os móveis são cinza-claro. A cabeceira da cama também é uma prateleira, onde havia alguns livros de direito cobertos por capa
Após arrumar as roupas em seus devidos lugares, saí do closet e voltei a conhecer o quarto.O quarto era todo pintado de preto, mas não era nada mórbido, pelo contrário, o preto deixou o quarto sofisticado, e o teto pintado de branco deixava o ambiente claro. O teto do banheiro também é pintado de branco, as parede e chão traziam enormes pisos retangulares na cor preta, a bancada de mármore também era preta, assim como a pia embutida nela. A banheira e vazo sanitário também pretos dava o toque final de sofisticação.Nunca imaginei que um banheiro pudesse ser tão chique.Outra coisa que me chamou a atenção foi o box de chuveiro fora do banheiro, sendo que o banheiro dele é completo e tem box também.Será que ele não gosta de tomar banho no mesmo ambiente que caga? Levanto minhas sobrancelhas com total ceticismo. Vai saber, rico é cheio de não me toque.— O que esse box tem de especial? — Me perguntei caminhando até o box e o abrindo. — Puta merda. — Exclamei ao ver que o vidro do box q
— Tudo bem! — Digo e escondo a vontade em sorrir ao ver a desconfiança estampada em sua face.— Tudo bem? — Ele me perguntou com aparente surpresa.— Se eu disser não, mudará algo?— Não!Aff! Ele é difícil, disso não tenho dúvida. — Então não adianta discutir. — Digo o óbvio e ele rir.E que sorriso. Balanço a cabeça em negativo, tentando esquecer o desejo que sinto ao vê-lo tão à vontade em minha frente.— Paulo me informou que o senhor designou ele para levar e buscar Levi. Agradeço, procurarei uma van escolar e...— Não precisa, Paulo ficará responsável por isso.— Não quero atrapalhar, ele é o seu motorista.— Em nada atrapalha, Ana Beatriz.— Tem certeza?— Sim, tenho!— Obrigada!— Disponha. — Sorrindo novamente , ele me observa atentamente se aproximando de mim e eu me controlo para não recuar como uma garota assustada. — Mas?— Porque não me disse que a escola é particular?— Esqueci, todavia, peço desculpa por isso, Ana Beatriz. Mas não se preocupe, já resolvi.— Sou realme
EDWARD Hoje o dia foi estressante. Acabei não dormindo, não apenas pela frustração sexual que eu estava sentindo, mas pela segurança da amiga de Ana Beatriz. Era umas 5h30 da manhã quando recebi a ligação de Felipe avisando que consegui chegar até Lourdes. Lourdes?Esse é um nome diferente, porém, achei bonito, combina com a pessoa desaforada que presenciei na vídeo chamada. Ela me lembrou um pouco Ana Beatriz, Contudo, Ana Beatriz é tímida e a sua amiga não.Ana Beatriz? Pensar na mesma me dá uma sensação estranha. Mais cedo cogitei em avisar-lhe que sua amiga estava bem, mas achei melhor deixá-la dormindo. Então fui para o meu quarto tentar dormir um pouco, mas não consegui e fiquei até 7h olhando para o teto branco de meu quarto pensando em Ana Beatriz e o quanto amei tê-la em meus braços e saber que ela também quis isso.Ainda me sinto dividido entre ceder ao desejo, ou dizer não a ele. Mas confesso que minha força de vontade está se esgotando. Aspiro o ar fazendo um grande es
Ele parecia mesmo estar sentido em não ter feito mais. Eu sabia que Maria no lugar dele, iria muito mais afundo, buscaria contatos não só na polícia, mas no fórum, na prisão, funcionários que assistiram no momento do ocorrido. Maria tinha um jeito próprio de conseguir informações e eu gosto muito disso. — Sinto muito. — Volta a dizer com o olhar culpado. Às vezes esqueço o quanto Flávio é jovem. Trabalha comigo, faz uns 8 meses, o mais jovem dos associados. Parece que foi ontem que o mesmo teve a coragem de me interceptar no restaurante, quando eu estava em um almoço com Felipe. Assim como agora, ele usava calça jeans e camisa social de manga comprida neutras, a camisa por dentro da calça e o cinto alinhado perfeitamente, mas tudo isso não disfarçou o seu lado “nerd”. Timidez e fobia social são esperados de um “nerd”, mas Flávio confessou que fez a prova e naquele dia tomou a decisão de deixar tudo isso para trás, pediu uma chance e disse que faria o melhor. Realmente ele está c
— Senhor Edward? — A mulher de pele pálida, estatura mediana, olhar sério e vestindo um conjunto de saia e blazer social me chama ao se aproximar de mim. Seus cabelos estavam presos em um coque alto e o óculos que ela usava a deixava com a fisionomia severa, nem mesmo o batom que ela passou em seus lábios disfarçava isso. — Pois não? — Perguntei-lhe, levantando da poltrona que fiquei sentado a quase uma hora e meia. — O juiz George vai atendê-lo agora, me acompanhe. — Pediu me dando as costas e caminhando. Eu e Flávio passamos o dia inteiro pesquisando sobre o que aconteceu naquele dia que Maicon foi preso. Algumas coisas não se encaixaram e a meu pedido, Flávio foi pessoalmente conversar com o segurança de plantão naquele dia. Infelizmente, o homem não foi de muita ajuda. Flávio disse que ele havia sido despedido no dia seguinte e estava tão amedrontado ao falar com ele que o mesmo ficou preocupado. Isso me fez questionar: Será que ele está sendo chantageado? Algo me diz q
Salvador, Bahia! BEATRIZ É noite e o vento forte balançava meus cabelos para todos os lados deixando os meus cachos embaraçados, o suor colava a minha calça, jeans clara e minha blusa, polo ao meu corpo me deixando desconfortável. Caminhei a passos largos pelas ruas do comércio, estava tudo tão silencioso. Alguns carros passavam e meu corpo gelou de medo. O que estou fazendo? Porque eu não dou meia volta? — Porque preciso! —Tento me convencer pela milésima vez. A vida é uma sucessão de escolhas e eu sinto, sinto em meu íntimo que vou me arrepender dessa minha escolha. Ou talvez seja só o medo falando. — Mas agora é tarde! Não dá para retroceder. Se dependesse apenas de mim eu estaria em meu quarto, estudando as matérias atrasadas da faculdade. Pensei, sentindo a tristeza nublar meus pensamentos mais uma vez, mas tão rapidamente surgiu, me obriguei a ignorá-la. Contudo, eu não posso! Não tenho dinheiro para pagar minha faculdade, não tenho dinheiro nem para pegar um