— Você é sempre assim, cheia de respostas? — Sorriu ao perguntar suspendendo a sua mala e colocando em cima da pequena mesa de centro de madeira com o tampão de vidro.
 — Sim, eu sou! Mas você não precisa gostar.
 — E quem disse que não gosto? — Ela parou de remexer a sua mala e me fitou desconfiada.
 — Eu te chamei de cretino, imaginei que isso fosse óbvio.
 — Mas não é! — Lourdes me olhou atentamente.
 — Eu já vi você! — Admiti, não teria o porque guardar segredo sobre isso com ela.
 — Mas… Como? Você não foi um de meus clientes, eu lembraria de você.
 — Não, nunca fui! Você se lembra de todos os seus clientes? — Ela levantou as suas sobrancelhas ao ouvir meu tom ríspido.
 — Antes sim, hoje não mais, já faz muito tempo. Nunca me apegava ou fazia amizade com nenhum deles, então isso ajudou a esquecê-los mais rápido.
 — Então por que disse que se lembraria de mim?
 — Não sei!
 — Não precisa mentir, sei que sou uma pessoa marcante. — Sorriu convencido.
 — Falou o perfeito.