NARRAÇÃO DE LARA GASPAR...
Apesar daquela mulher surtada tentar me oprimir, eu me senti totalmente protegida. Nunca tinha me sentido tão... Qual a palavra correta? Tão amada. Isso... acho que é sobre isso.
Uma dor forte me atravessou a alma quando ela me chamou de bastarda. Já fui muito bem xingada durante toda a minha vida: magrela, fantasma, invisível, inútil, fardo... entre outros. Os piores e mais ridículos palavrões que uma criança poderia ouvir. Mas nenhuma dessas palavras tinha conseguido arrancar lágrimas de mim. Nunca.
Só que, dessa vez, foi diferente.
Talvez porque eu estava sendo humilhada na frente dos meus pais.
Mas... foi uma dor passageira.
Meu pai, minha mãe, Matias, Andrea... Todos eles me defenderam com unhas e dentes. Me enchi de orgulho ao ver minha mãe se impondo pela primeira vez. Ela não apenas me defendeu... ela se defendeu também.
Senti orgulho do meu pai. Ele me olhou como se pudesse sentir cada pedaço da dor que eu estava carregando. Não pensou duas vezes...