ZOE
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Durante o almoço, minha mãe parecia outra pessoa. Havia um brilho em seus olhos que há dias eu não via, desde que ela descobriu a traição do meu pai. Um sorriso largo se estendia no rosto dela como se, de repente, o mundo tivesse voltado a fazer sentido. Eu a observei mastigar lentamente, com uma leveza quase teatral, como se estivesse saboreando mais do que a comida, talvez o gosto da liberdade ou da revanche.
— A senhora acordou melhor hoje... Está aparentemente feliz e comunicativa. Aconteceu alguma coisa?
Perguntei, desconfiada, inclinando a cabeça levemente.
— Nada demais.
Ela disse, sorrindo com aquele ar de quem está guardando um segredo.
— Só cheguei à conclusão de que sou uma mulher linda demais para me encolher diante do seu pai.
Arregalei os olhos e ri, meio surpresa, meio aliviada.
— Ah, finalmente a senhora percebeu isso, mamãe! Antes tarde do que nunca.
Ela deu uma risada curta, mas verdadeira. E, por um segundo, eu juro que me senti feliz por ela. Foi reconforta