CAPÍTULO 43

ZOE

*

O café da manhã foi um verdadeiro show de horrores.

Minha mãe, cada vez mais firme, parecia perder o medo centímetro por centímetro, enquanto meu pai lutava para esconder de mim quem ele realmente era, e perdia feio.

Não sei se era ingenuidade da minha parte ainda pensar que, no fundo, ele tentava nos proteger. Talvez quisesse apenas proteger a si mesmo. Não era um gesto de amor, era de covardia, era o medo de se encarar no espelho, de admitir para si mesmo que já não era o homem que fingia ser.

— Onde está a Joyce, que não está aqui na mesa para o café?

Ele perguntou casualmente à Lúcia, como se sua voz não estivesse impregnada de culpa.

Lúcia, em vez de responder, me lançou um olhar pesado, carregado de significados. Mas eu fui mais rápida.

— Não era você que deveria ter essa resposta, papai?

Falei com calma, cada sílaba cortante como faca.

— Afinal, é o senhor que dorme com ela. Onde ela está?

Eu sabia, claro que sabia. Ele não havia dormido no quarto, e aquela pergunta nã
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