O barulho do motor do navio já fazia parte da minha rotina.
Acordei antes do despertador tocar, como sempre, e fiquei por alguns segundos observando a pequena cortina balançando com a brisa que entrava pela janela redonda do alojamento.
Ainda havia resquícios da noite anterior na minha mente: o riso, o toque da mão dele, o som das ondas misturado à música do salão.
Por um instante, pensei que tudo aquilo tivesse sido um sonho bonito — mas o sorriso involuntário que surgiu nos meus lábios me provava o contrário.
Levantei, prendi novamente o cabelo no rabo de cavalo e vesti o uniforme azul-marinho das camareiras.
Ajeitei o crachá com o nome Lara Velázquez e saí para o corredor, onde o movimento já começava.
O cheiro de café e detergente se misturava ao ar salgado.
O corredor longo parecia o mesmo de sempre — mas, dentro de mim, algo estava diferente.
Naquele dia, meu coração parecia leve.
Passei a manhã limpando as suítes do setor leste, trocando roupas de cama, limpando espelhos e orga