Mundo ficciónIniciar sesiónJANTAR DOS INVISÍVEIS
O relógio marcava dezenove e cinquenta quando fechei a porta do alojamento.Respirei fundo diante do pequeno espelho preso ao armário e encarei o reflexo da mulher que eu mal reconhecia.A luz fria do teto realçava o contraste entre a minha pele morena clara e o preto absoluto do meu cabelo, agora preso em um rabo de cavalo longo, que descia até a metade das costas.Os fios lisos pareciam diferentes — disciplinados, sérios, quase austeros.O vestido que escolhi era simples: um tubinho de tecido leve, na cor grafite, com alças finas e o comprimento na altura dos tornozelos.Nenhum brilho, nenhuma ostentação.Apenas um discreto par de sandálias pretas e uma pulseira de prata que eu havia comprado em uma feirinha no porto.Passei o brilho labial, contornei os olhos com um delineador fino e coloquei os óculos de grau — o meu escudo contra o mundo.Nada mais.A simplicidade me protegia.Eu não queria chamar






