MEU MARIDO ME REJEITOU: EU DEI A VOLTA POR CIMA
MEU MARIDO ME REJEITOU: EU DEI A VOLTA POR CIMA
Por: Tônia Fernandes
CAPÍTULO 1 FORMATURA

UMA MULHER INVISÍVEL

O salão estava lotado. As luzes do auditório refletiam em centenas de rostos ansiosos, famílias sorrindo, flores nas mãos e câmeras piscando como se quisessem eternizar aquele instante.

Mas o meu lugar, ao lado da fileira reservada para os convidados, estava vazio.

Meu nome foi chamado.

— Elara Montrose Valmonte Vasquez.

O som ecoou pelo microfone com solenidade, mas, dentro de mim, soou como um lembrete cruel.

Mais uma vez, eu estava sozinha.

Aplausos preencheram o ambiente enquanto eu caminhava até o palco. O tecido claro do meu vestido de formatura balançava suavemente com cada passo, e o diploma reluzia nas mãos do reitor quando o recebi.

Sorri — o tipo de sorriso que só existe para as câmeras, não para o coração.

Meu marido não estava lá.

Eu havia avisado, mandei mensagem pela manhã, outra à tarde, e até chequei o horário do voo dele. Nenhuma resposta. Nenhum sinal.

O homem que, por dois anos, prometeu representar meu apoio, minha parceira, meu futuro... não teve tempo de presenciar o único sonho que me pertencia de verdade.

Mais uma vez, Adric Morial Valeforte me lembrou que, na vida dele, eu não era esposa.

Era apenas um investimento.

Segurei o diploma com firmeza.

“Ok, querido marido, agora eu cumpri a minha parte. Este era o último item do acordo, que meu pai exigiu. Você tem sua empresa salva, eu assumo a minha empresa , liberdade.”

Desci do palco sob aplausos que pareciam vir de outro mundo.

— Elara! — chamou minha colega, Vivienne, com aquele tom doce de quem tenta não demonstrar pena.

— Onde está o seu marido, ele não veio? Pensei que ele viria hoje.

Forcei um sorriso.

— Ele precisou viajar a negócios.

Vivienne arqueou as sobrancelhas, cruzando os braços.

— Ele sempre “precisa viajar”, não é? Até parece que a sua vida não tem importância.

Olhei para ela e respondi apenas:

— Os negócios dele são mais importantes. Mas o que importa é que eu concluí o curso, e vou poder assumir a empresa, mas agora vou tirar férias de trinta dias.

— Férias amiga? — ela riu, surpresa — e sozinha novamente?

— Sim, o Adric vive viajando, nem vai notar minha ausência, estou precisando relaxar.

— Quando voltar de viagem podemos marcar um almoço, que você acha Vivi? Você já está empregada?

— Não amiga, ao contrário de você, vou ralar atrás de trabalho, — responde Vivienne rindo. — Espero conseguir algo nesses trinta dias, o aluguel não pode atrasar né?

— Leva teu currículo na empresa, você vai ser minha assistente, quando eu retornar, você já vai estar ambientada Vivi

— Sério amiga? — Não é brincadeira né?— pergunta Vivienne.

— Amanhã mesmo leve ao RH, sua vaga já está garantida Vivi. —Agora deixa eu ir, pois preciso embarcar em um cruzeiro.

Virei as costas antes que minhas lágrimas me denunciassem.

Cheguei em casa com o vestido ainda no corpo, o diploma embaixo do braço e a sensação de que cada passo ecoava dentro de uma casa sem alma.

O retrato de casamento na parede era a ironia perfeita — uma mentira emoldurada.

Coloquei o diploma sobre a mesa e respirei fundo.

No celular, as notificações piscavam.

Fotos novas.

Marla Lancaster, sempre elegante, sorrindo para a câmera.

“As viagens de negócios com ele continuam rendendo memórias”, dizia a legenda.

O rosto dele não aparecia — apenas o terno cinza que eu mesma havia escolhido meses atrás, a mão dele segurando a taça ao fundo, o reflexo do relógio que eu reconheceria em qualquer lugar.

Ela não precisava mostrar mais nada.

Eu entendi.

“Aproveite a sua eterna lua de mel , querido Adric, porque, para mim, acabou.”

Abri a gaveta da escrivaninha.

Os papéis do divórcio estavam prontos.

Eu já tinha ido ao advogado, lido cada cláusula e assinado onde era preciso.

A última assinatura seria dele.

Peguei o envelope, deslizei os documentos para dentro e acrescentei a aliança, o anel de noivado e uma carta curta:

“Você está livre, Adric, para viver seu relacionamento.

Agora você assina os papéis do divórcio, e será um homem sem amarras.

Para mim, já deu, dois anos de humilhações, e desprezo, a mulher que salvou suas empresas. E para Marla, sempre as viagens e atenção.

Eu nunca precisei de você — sempre foi você quem precisou de mim, meu dinheiro foi útil não foi?

Ah, e parabéns pela gravidez de sua amante.

Seja feliz.”

Caminhei até o quarto dele, silenciosa.

O cheiro do perfume dele ainda pairava no ar, misturado ao som constante do relógio.

Deixei o envelope sobre a cama, fechei a porta e encarei o vazio por um instante.

Minha mala já estava pronta.

Não para uma fuga — para um renascimento.

Antes mesmo de terminar o curso, eu havia me inscrito em um programa de trabalho temporário em um cruzeiro de luxo.

Usei um nome diferente, troquei a cor do cabelo com uma peruca castanha, comprei óculos grandes, roupas simples.

Não queria ser reconhecida como herdeira, nem como esposa de ninguém.

Queria ser invisível.

Durante um mês, eu seria apenas mais uma camareira, limpando cabines, arrumando camas e servindo pessoas que, como eu um dia fui, acreditavam que o amor e o status andavam de mãos dadas.

Agora, eu sabia que não.

Fechei a mala, olhei uma última vez para o retrato de casamento e murmurei, com serenidade:

“Adeus, Elara Valeforte.

Seja bem-vinda de volta, Elara Vasquez.”

Saí sem olhar para trás.

E, pela primeira vez em muito tempo, senti que o vento não estava me empurrando — estava me guiando.

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