56. O peso do que nunca pedi.
Hoop
A brisa da noite dança entre as árvores, carregando consigo o sussurro de uma floresta que nunca dorme. O céu escuro é um espelho do meu interior, nublado, confuso, sem resposta. Sentada à beira da fogueira, com meus amigos tagarelando entre si, eu observo as chamas tentando alcançar o céu, como se buscassem algo inalcançável… assim como eu.
Desde que descobri que existe magia em mim, de que sou a salvadora da porra de uma profecia, que foi escrita a sei lá quantos anos antes do meu nascimento… sinto como se tivesse sido arrancada de mim mesma, de quem eu era ou costumava ser. Eu não pedi por isso. Não desejei. Somente aconteceu.
Connor se aproxima devagar, os olhos ainda cansados, mas cheios daquela ternura que me desmonta.
— Está frio — ele diz, estendendo uma manta para mim, todo atencioso e carinhoso.
Acredito que ele, na minha vida, é a única parte boa desta maldita profecia.
Aceito com um leve aceno, e ele se senta ao meu lado, os joelhos quase se tocando. Ficamos em silênc