A notícia chegou até Lyra como um vento frio que atravessa a pele e toca direto os ossos. Uma mensageira da alcatéia, formal e silenciosa, entregou-lhe o comunicado lacrado com o selo do conselho.
Ela não precisou abri-lo para entender o que significava.
Mas o fez mesmo assim. Com mãos trêmulas, olhos fixos nas palavras secas e diretas que exigiam sua presença no conselho ao amanhecer.
Seu coração martelou no peito. Por um instante, pensou em fugir. Em correr para as florestas densas que circundavam a cidade e desaparecer. Mas sabia que não havia mais para onde correr. Não depois do que aconteceu. Não depois de tudo o que foi dito sobre ela — principalmente o que Lara fez parecer verdade.
“Eu nunca pedi por isso”, ela sussurrou para si mesma, sentada na beirada da cama, o papel ainda em mãos.
---
Naquela noite, Lyra mal dormiu. Caminhou de um lado para o outro no pequeno quarto da ala das ômegas, tentando encontrar as palavras certas.
Diante do espelho rachado que havia no canto do cô