Anthony; ou simplesmente Tini, tentava enxergar algo que o animasse em ir viver com sua mãe, mas até agora não encontrara nada que o animasse.

Não é como se ele tivesse algum tipo de mágoa, ele entendeu que o motivo pelo qual ela o deixou vivendo com sua avó foi pura necessidade, entendeu até mesmo as poucas visitas que lhe fazia durante o ano, primeiro por estar estudando direito, depois por ter começado a trabalhar em um escritório importante, Ferreira leite, o mais importante do país na verdade, de alguma forma havia se acostumado a tê-la distante; e mais ainda era feliz vivendo no interior, de um jeito simples e tranquilo.

No entanto durante seu aniversário de 18 anos tudo mudou, sua mãe chegara de surpresa e anunciou a sua mudança para viver com ela na capital, naquele momento seu mundo desabou, de repente sua mãe aparece e decide mudar toda sua vida, lhe arrancando de seu lar sem se importar com o que ele estava sentindo.

Ele manteve as aparências durante toda festa, porém Patty, sua melhor amiga havia notado que ele não estava bem, tomando-o pela mão o furtara dali o levando para o terraço, lá Tini se entregou as lágrimas e desabafou:

-Como ela pode fazer isso? Aparece de surpresa e me dá uma notícia dessas.

-Não fique assim, ela é sua mãe, quer seu melhor.-Disse isso acariciando ternamente os cachos do amigo, e sentindo seu coração se aquecer ao fazê-lo, e uma dor atingir ao mesmo no momento seguinte.

-Como ela sabe o que é o melhor pra mim? Ela nem me conhece.- Dito isso ele se desvencilhou e rumou para sacada.- Eu sempre tentei entendê-la, nunca a julguei, mas e quanto a mim? Quando ela vai me entender? Quando vai ser a minha vez?

-Eu te entendo.-Disse se colocando ao lado dele.- Mas tente tirar o melhor disso.

-Parece até que você quer que eu vá.-Respondeu em tom ríspido, atigindo seu coração no ponto mais fundo, Patty quase confessou seus sentimentos, no entanto como antes os guardou no fundo do seu coração.

-Você não faz idéia do que esta dizendo.- Disse em um tom seco antes de se afastar.

O caminho de ida a cidade foi longo e silencioso, apesar de que Elisa tentara por diversos momentos se aproximar do filho, e estabelecer uma conversa, mas suas respostas vagas e sua expressão dura construíam um verdadeiro muro entre eles. "Uma última tentativa." Disse a si mesma, enquanto colocava pra tocar uma coletânea dos anos 2000, preferida deles.

Começara a cantoria desafinada, com intuito de que quebrassem o gelo, no entanto tudo que conseguiu foi o deixar mais irritado ao ponto de desligar o rádio durante o refrão.

-Porquê fez isso?

-Odeio essas músicas.-Esbravejou virando-se para a estrada.

-Você adorava, na verdade todas as músicas que eu separei foram pra te agradar.-Disse frustrada.

-Desde quando você sabe as músicas que eu gosto? Você nem me conhece- As palavras lhe acordaram a culpa, e a mesma se fechou em silêncio, percebendo o que fizera Anthony decidiu tentar melhorar o clima.- Me desculpe, podemos ouvir outra coisa. - Em seguida ligou o rádio onde passou a tocar uma música aleatória, porém a cabeça de ambos já estava bem distante dali, cada um tendo que lidar com seus próprios sentimentos.

Ele adormeceu durante o caminho, nem sequer percebeu quando o carro havia estacionado.

-Acorde garoto. - Disse Elisa bagunçando carinhosamente os cabelos de seu filho.- Ou vai querer que eu te carregue como quando era pequeno?

-Nossa, nem percebi que havíamos chegado.-Disse ao se espreguiçar e soltar um longo bocejo depois.

-Você ainda boceja como um urso.- zombou sua mãe e ambos riram.

-Sua casa é linda mãe.-Disse ao sair do carro, seus olhos correram pelo quintal e se fixaram no belo jardim florido que sua mãe possuía.

-Nossa casa querido.- Apesar do tom ter sido terno, aquela frase o incomodou.

Já em seu quarto, ele se despiu e rumou para o banheiro, enquanto sentia a água quente lhe escorrer o corpo, e tinha liberdade pra cantar (gritar) alguma música em inglês, pronunciada de forma indecifrável, a plenos pulmões, ele chegou a pensar que viver com sua mãe não seria tão ruim.

Porém tudo mudo quando deu de cara com um rapaz desconhecido, momentos depois sair nu e serelepe do chuveiro, o garoto o encarava atônito jogado no chão do quarto, Anthony deu um grito estrondoso e cobriu suas partes íntimas de forma instintiva.

O garoto continuou olhando para ele em silêncio, por coincidência ambos criaram coragem e perguntaram simultaneamente:

-Quem é você?.