Dominic Lexington
O som do relógio na parede era a única coisa que ainda respeitava o tempo naquela sala. E eu ali, feito um animal enjaulado, olhando para a janela como se o vidro fosse mostrar a porra da resposta que eu não conseguia arrancar de ninguém. Tromso. Um nome frio, distante, escandinavo o bastante para esconder qualquer erro, ou qualquer mulher.
Sunshine.
Ela não devia ter sumido assim. Muito menos com outro.
O estalo da porta não me surpreendeu. Nem o cheiro de charuto, nem o som de passos pesados que sempre pareciam desafiadores, até quando o chão era meu.
Cavalieri.
— Vai acabar cavando a porra de um buraco no chão de tanto andar em círculos — ele disse, entrando com aquele ar de dono do mundo que eu odiava e respeitava ao mesmo tempo.
— Melhor que cavar cova para incompetentes que a deixaram fugir — murmurei.
Ele jogou o casaco encharcado numa das poltronas de couro como se aquilo fosse um boteco, e não meu escritório. Se sentou com o mesmo desleixo estratégico de se