Era a primeira vez que Zara via Orson daquele jeito. Na verdade, o rosto dele, agora tomado por emoções intensas, parecia bem mais vivo do que a expressão controlada e impassível de sempre.
Foi então que Zara percebeu algo curioso: ele era capaz de reagir por causa dela. Que raro.
Mas, pensando bem, qualquer homem ficaria irritado ao ouvir o que ela dissera antes.
O mais estranho, porém, era que Zara sentia uma calma surpreendente. Ela sustentou o olhar dele por alguns segundos e, então, perguntou:
— O que eu disse antes não foi claro o suficiente? Eu disse que...
Antes que ela pudesse terminar, a mão de Orson subiu de repente.
Aquele movimento era familiar. Zara conhecia bem demais. Desde pequena, ela já havia passado por isso inúmeras vezes.
Seus olhos fecharam-se automaticamente, antecipando o tapa que estava prestes a vir.
Mas a dor nunca chegou.
Devagar, ela abriu os olhos e viu que a mão de Orson ainda estava suspensa no ar, imóvel.
As sobrancelhas dele estava