A fita cassete que Kieron trouxera de Dunrow zumbia como um inseto inquieto sobre a mesa do necrotério. Ele não ousava escutá-la novamente sozinho. Lia, sentada do outro lado, mantinha os olhos fixos no espelho pendurado na parede — o mesmo onde Evelyn aparecera pela última vez.
— Não é só uma gravação — ela disse, por fim. — É uma chave. Uma invocação embutida em som.
Kieron passou os dedos pela fita, sentindo a vibração fraca, como o pulso de um coração distante. Sabia que, ao dar play novamente, algo responderia. Não apenas uma memória… mas uma presença.
Antes que tomassem qualquer decisão, uma batida seca soou na porta. Três toques. Sempre três.
Era Agnes. Ela não vinha sozinha.
Ao lado dela, um jovem de cabelos escuros e olhos cobertos por uma venda. Seu nome era Ezra, e ele era um Espelho Vivo — uma pessoa nascida com a maldição de refletir as almas de quem o tocasse. Era a peça que faltava para decifrar o que restava de Evelyn e enfrentar a entidade que agora crescia no limiar