Harper Ward
O celular vibrou tantas vezes em minha mão antes que eu tivesse coragem de apertar o botão de chamada. Não sabia se estava preparada para ouvir a voz dela; se viria carregada de mágoa, de indiferença, ou de algo pior: de saudade.
O coração martelava, e a garganta parecia um funil estreito demais para o ar.
Estar se afogando em desespero era pior.
— Alô? — a voz de Grace soou tão imediata que meu corpo inteiro se retesou.
Sorri, ainda que ninguém visse. — Oi, pequenina.
A chamei como costumava irrita-la, esperando que negasse ser pequena, ou criança. Nada.
Apenas silêncio. Apenas respiração do outro lado. E quando ela falou, não era a mesma Grace debochada de sempre, nem a menina de raiva acumulada que costumava me enfrentar como se o mundo fosse menor do que a coragem dela. Era apenas uma filha ferida.
— Harper… onde você está? — Havia um fio de esperança, um tremor, como se temesse ser pega.
— Perto da sua escola. — Confessei, mordendo o lábio. O costume não havia me de