Chase Harrison
— Entre senhorita... — Eu ainda tinha os meus olhos encarando a porra do relatório policial. A merda foi apagada antes que a coisa toda acabasse em alguma emissora de televisão. Não podia continuar desse jeito, precisava dar um jeito na minha filha.
Eu perdi a porra de uma noite incrível por causa dela.
— Não posso te entrevistar se continuar parada na porta, senhorita... — Levantei o olhar e senti a merda inteira rodando. Minhas pupilas se dilataram, meu corpo congelou, e o coração acelerou. Ela... ela se encolheu ainda mais.
Então a infeliz sábia quem eu era, afinal?
Rapidamente me levantei e a passos duros, e fui em direção à mulher encolhida, usando um terno comportado que parecia barato demais, para ser bem honesto.
— O que faz aqui? — perguntei, pressionando o braço. Mas, merda, a pele dela era como seda, macia e cheirosa, e me tornar consciente disso quase me fez perder o controle.
— Eu... Entrevista. Eu vim para a entrevista que uma amiga...
— Pare! — Ela levantou o olhar e me encarou, mas eu não me importava. Sabia que ela mostraria as garras em algum momento. Acenei para que meu segurança saísse e a puxei para dentro. Chegar mais perto a fez recuar, mas eu apenas fechei a porta e a tranquei. — O que você realmente quer?
— Co-como assim?
O rosto decepcionado quase me convenceu. — Eu sou um homem ocupado, senhorita...
As pupilas dela se dilataram. — Não se lembra do meu nome?
Andei em direção à mesa e me sentei em uma poltrona. — Não tenho certeza de quem você é, senhorita. Por que isso a ofende?
— Não sei... Talvez por que o senhor seja um cretino que pensa que pode comprar as pessoas. Não pode me comprar. Além disso, eu assinei a porcaria do seu termo.
— E não foi o suficiente, aparentemente, já que está aqui. Vou perguntar novamente: o que quer no meu gabinete?
— Minha amiga conseguiu uma entrevista de emprego para mim aqui. Foi um erro. — Ela me encarou por, talvez um minuto, sustentando o meu olhar. — Vou embora. Não quero trabalhar para alguém como o senhor.
— Alguém como eu?
— Um velhinho ranzinza.
Velho?
— Não me achou velho ontem à noite, senhorita Harper. Na verdade, não parecia preocupada com mais nada além de abrir as pernas. — Me recostei na poltrona com um sorriso de deboche, enquanto tonalidades avermelhadas dominavam o rosto da garota na minha frente.
Lembrar que ela era virgem não ajuda o meu amigo a adormecer dentro da calça.
— Você é um imbecil. A noite foi um erro, e eu não deveria estar aqui. — Uma longa pausa indicava que ela esperava que eu a contradissesse. Eu era um cretino e não começaria a negar agora. — Com licença, e sinto muito, mas não posso dizer que foi um prazer te conhecer, Governador Harrison.
— Eu discordo. — Quando ela estava à beira de sair, algo em mim gritou. — Fique. — Ela olhou por cima do ombro, surpresa. Eu também estava... — Faça a entrevista. Não foi para isso que veio?
Ela ainda parecia hesitante. — Não quero nenhuma ligação com o senhor.
— Ou não se sente competente o bastante, senhorita?
Eu já tinha visto os olhos dela brilharem daquela mesma maneira na noite anterior, então sabia que ela acabaria cedendo. Harper se sentou na minha frente e cruzou as pernas. Lindas. E eu precisei ajustar a postura para que ela não notasse meu membro duro.
Ótimo...
— Seu nome é realmente Harper Ward?
— Se é mesmo o governador, deveria saber que provavelmente verificaram isso antes de me deixar entrar no seu gabinete.
Garota esperta. — Você tem o que, senhorita Harper, vinte e cinco, vinte e... — Perguntei, enchendo um copo com água e deslizando até ela.
— Vinte anos.
— Vinte? — Peguei eu mesmo a porra do copo e bebi de uma vez. Essa merda demoraria a descer. — Tem noção da porra do escândalo que seria se... Merda, garota, você...
— Eu me chamo Harper Ward e tenho vinte anos, Governador Harrison. Gostaria de perguntar algo mais ou apenas a minha idade é algo relevante?
Que porra ela estava fazendo em um bar?
Bebendo em um bar, porra?
Ela ainda nem tinha idade legal para essa merda.
Puxei toda paciência em forma de ar que consegui, e encarei, tentando disfarçar a porra da indignação. — Muito bem, senhorita Harper, quais são as suas qualificações para o cargo?
— Qualificações?
Me inclinei sobre a mesa, unindo as mãos. — Cursos, faculdade. A menos que seja um daqueles pequenos gênios, não vejo como possa ter terminado a faculdade. Então onde estuda?
Harper abaixou a cabeça e encarou as mãos no colo. Ela estava raspando o esmalte das unhas de forma insistente, sujando a minha sala. — Não fiz faculdade. Tenho apenas o ensino médio, senhor Harrison. Também não tentei estudar educação infantil, e sim Artes.
— Artes... E então, o que a levou a vir aqui, se candidatando para ser a Babá dos meus filhos?
— Não sabia que precisava de faculdade para isso. — Ela disse, em uma aparentemente, explosão de raiva.
— Precisa de qualificação para tudo nessa vida. — A encarei. — Com quantos já esteve?
— Acho que não entendi a sua pergunta.
— Homens. — Fui direto, desejando como a vida, saber dessa merda. — Quantos homens já estiveram com você. Claramente, você era virgem, mas, o que eu preciso mesmo saber, senhorita Harper, é, do que exatamente você era virgem.
Ela estreitou os olhos, e olhou para os lados, visivelmente procurando por alguma rota de fuga.
Eu tamborilei os dedos na mesa, ansioso pela resposta. — Se eu entendi a sua pergunta, creio que seja ilegal perguntar isso numa entrevista de emprego.
— Isso já deixou de ser uma entrevista faz tempo, senhorita Harper. Para ser bem sincero, não daria certo, de qualquer maneira. Então, apenas responda.
Ela levantou e se inclinou sobre a mesa, espalmando as mãos, e meu cérebro, ótimo em criar imagens, a visualizou gozando exatamente naquela posição. — Não é da sua conta!
Olhei no fundo dos olhos dela, então me levantei da poltrona. Ela sabia que eu a espreitava como a porra de um lobo faminto. Transar nessa sala nunca aconteceu, e eu estava por um fio de perder a cabeça e mandar meus códigos morais para o inferno.
Escândalos não pareciam muito relevantes naquele momento.
Encostei meu corpo ao da atrevida, e senti quando ela tremeu inteira, ajeitando a postura. Espalmei a mão na lombar da infeliz e a fiz voltar para o lugar. — Gosto de jogos, senhorita Harper, mas eu nunca perco.
Ela me olhou, deslizando o cabelo para trás. — Está jogando sozinho.
— Engano seu, meu anjo...
Engano seu...