Voz da Razão
Lívia
Na manhã seguinte, a casa estava silenciosa quando acordei. A pasta ainda estava sobre a mesa de centro da sala, fechada, como um lembrete de tudo o que tinha lido na noite anterior. A verdade era clara, mas o que eu faria com ela ainda não estava.
Fui até a cozinha, preparei café e me sentei com a xícara entre as mãos. Não conseguia parar de pensar em tudo o que Heitor disse, no jeito que ele me olhou, na sinceridade com que entregou aquelas provas. Ele não tentou me convencer — apenas me deu a escolha. Isso me tocou.
O som da porta se abrindo me tirou dos pensamentos. Cecília entrou, animada como sempre, segurando uma sacola de croissants.
— Trouxe café da manhã digno de realeza. E... cara de quem passou a noite com pastas e reflexões — brincou, apontando para a mesa.
Assenti, com um sorriso fraco.
— Li tudo. Ele estava dizendo a verdade.
Cecília sentou-se de frente pra mim, serviu o café e ficou em silêncio, apenas me observando por alguns segundos.
— E