Primeiros sinais de um amor que cresce
Cecília
Eu sempre soube que a gravidez era um milagre em movimento. Mas nenhuma das leituras, conversas ou relatos que ouvi ao longo da vida conseguiram me preparar para o que senti naquela noite.
Foi sutil. Quase imperceptível. Como uma bolha de sabão estourando dentro de mim. Um toque leve, uma pulsação de vida. E era ela. Nossa filha.
Estávamos em casa, deitados na cama, com Felipe lendo um livro e eu com a mão pousada sobre a barriga. Era fim de tarde e a luz laranja invadia o quarto através da janela entreaberta. O silêncio era cómodo, cheio de presença.
— Felipe... — chamei baixo, não querendo assustar.
Ele ergueu os olhos do livro, imediatamente atento.
— Ela se mexeu.
Felipe
Eu congelei. O livro caiu no meu colo e eu me aproximei de imediato.
— Aqui? — perguntei, colocando a mão sobre a dela.
E lá estava.
Um leve toque. Um movimento que mais parecia uma confirmação do universo de que ela estava ali. Viva. Presente.