Pedro acordou naquela manhã com o peito apertado. O sol entrava pelas frestas da cortina, mas não iluminava o que ele sentia por dentro. A admiração por Isabela crescia a cada dia, como uma árvore que ele nunca soube plantar. E agora, mesmo que não houvesse mais espaço para eles, ele queria enxergá-la. Queria que ela soubesse que ele a via — finalmente.
Mas as palavras lhe faltavam. Sempre faltaram. E a postura dura que ele cultivou por anos tornava tudo mais difícil. Ele não sabia como dizer que a admirava. Não sabia como mostrar que, mesmo que nunca mais fossem um casal, ele queria que ela soubesse que era vista, respeitada, valorizada.
Naquela tarde, Sofia apareceu em seu escritório com um olhar diferente. Havia algo em sua expressão que Pedro conhecia bem: veneno disfarçado de leveza.
— Quem diria, hein... — começou ela, sentando-se na poltrona de frente para ele. — Isabela, sempre tão recatada, agora cercada de admiradores.
Pedro não respondeu. Apenas olhou para ela, esperando qu