A noite estava morna, abafada, como se o ar carregasse o peso das emoções que Pedro não conseguia nomear. A viagem havia terminado, os compromissos foram cumpridos, e Sofia, sensível ao contexto, preferiu se recolher na casa do pai. Pedro respeitou. Sabia que o retorno à mansão não seria apenas uma volta para casa — seria um reencontro com tudo o que ele havia deixado para trás.
O carro estacionou diante da entrada principal. Pedro desceu com pressa, o coração acelerado. A governanta havia dito que Ana ainda estava febril, mas melhorando. Mesmo assim, a inquietação o consumia. Não era apenas preocupação com a filha — era o fato de saber que Isabela estava ali, dentro da casa que um dia foi deles, cuidando de Ana com o carinho que ele sempre admirou, mas nunca soube retribuir.
Subiu as escadas com passos rápidos, atravessou o corredor e parou diante da porta do quarto de Ana. Respirou fundo antes de abrir.
A luz estava baixa, suave. O quarto exalava um aroma de lavanda e chá de camomil