Capítulo 2

Belle, saiu da casa da árvore. Voou até o chão e pousou em frente à casa principal. Entrou no carro que estacionara logo ali, e saiu de ré.

Saindo pela rua que levava à avenida principal, acelerou um pouco. Queria chegar logo à biblioteca, mas antes passaria na cafeteria de Hélène . Atravessou a avenida principal e entrou em outra rua, dirigiu por cinco metros e parou na loja da esquina.

Le café d'Hélène, estava escrito em uma placa dourada com as letras chiques em alto relevo com arabescos formando uma xícara de café fumegante. Hélène era uma bruxa que se especializou em alimentos. Então, tudo que ela fazia, era dos deuses. Hecate que a abençoou com certeza. Abriu a porta sentindo o aroma dos pães, bolos e doces assados ou assando. A cafeteria estava repleta de gente, em sua maioria alunos da faculdade que ficava ali perto e vinham comer em suas aulas vagas. Principalmente os alunos que queriam cozinhar tão bem quanto Hélène. Ela sentou em uma mesa vazia, e pediu ao garçom, um bownie de trufas e um café au lait.

Esperou, lendo algo, e logo ele veio trazer. Colocou as coisas na mesa, eu sorri e agradeci. Comi lentamente, o mais lento que pude, para provar a mim mesma que não estava morrendo por estudar mais sobre a casta de Lobos que havia se instalado na cidade. Então ouvi uma conversa das moças que sentavam atrás de mim.

- Ahh, eu morreria por dar uma boa mordida naquele traseiro suculento. Você viu aquele homem?

- Aquele lobo, você diz não é? Porque no caso Sharia, ele morderia sua bunda querida e não o contrário. Aliás, iria morder muito mais até. Sabe que Lobos mordem suas parceiras para marcá-las? Para sempre meu bem, você não iria querer isto, já que é uma ninfa e quer todo pedaço de homem que vê por aí.

- Isto é verdade. Mas que sinto uma vontadinha, ah sinto! Ele poderia apenas me foder e ir embora.

Ambas riram.

Belle se irritou um pouco achando que elas só podiam estar falando do seu lobo. Opa opa opa, seu lobo uma pinoia, Belle. Se aquiete, falou a si mesma mentalmente. Mas seu cheiro nela falava o contrário. Terminou o brownie, e deu uma boa gorjeta para o garçom Jefhy. Sabia que ele juntava tudo que podia para pagar sua faculdade e ela fazia joias e as vendia como água pela Internet, então estava bem para ajudar quem tinha menos que ela.

Ela pegou o carro e colocou no estacionamento da biblioteca. Caminhou pela calçada e entrou distraída, tomando ainda seu café. Seus cabelos esvoaçaram com o vento gelado do ar condicionado, arrumou e entrou. Falou com a atendente, que indicou o caminho.

- É na segunda sessão, no terceiro andar. É proibido flutuar na biblioteca senhorita. Mas pode usar seu poderes de flutuação de objetos para pegar os livros mais altos, caso necessite. E não pode entrar com alimentos ou bebidas. Por favor. Obrigada e tenha uma maravilhosa experiência.

- Obrigada. Terei. Vou guardar meu café em minha bolsa e tomá-lo quando sair. Tudo bem?

- Claro. Tenha um ótimo dia senhorita Grimmyre.

Ela lhe entregou o cartão novo da biblioteca nova, que Belle enfiou no bolso traseiro da calça. A porta se abriu e eu passei e coloquei meu café em minha bolsa. Tomaria mais tarde. Subi as escadas, nunca havia vindo a essa biblioteca em específico, sempre estava na escola ou faculdade e as bibliotecas de lá eram enormes e muito completas. Mas já que ela havia sido construída na mesma rua da cafeteria e tinha curiosidade para conhecê-la, aproveitara para vir nela. As escadas eram magníficas e ela tinha certeza que já havia visto a foto dela em algum lugar.

Sorriu, que beleza de biblioteca. Sabia que voltaria sempre nela a partir de hoje. Terminou de subir as escadas e procurou a sessão indicada. Encontrou e reparou nos milhares de livros antigos. Escolheu alguns e sentou na mesa mais próxima. Começou a virar as páginas, ler e absorver tudo que podia sobre os lupinos. Principalmente sobre quando eles se transformavam na lua cheia.

As reações que ela teve foram de desconfiança, incredulidade e até surpresa.

"Lobos em sua formação feral completa não tinham consciência, apenas instinto. O único que obliterava isto era o instinto de proteção que o lobo e o homem tinham pela sua companheira.

Sendo que o do lobo sobrepujava em muito o instinto de proteção da fêmea do que o do homem. Eram dois em um, não era apenas um homem que tinha a transmutação em lobo, era como se fossem um só mas os dois tinham consciências de formas diferentes."..." na lua cheia, o lobo fica mais forte do que o homem e o homem usava a força do lobo no dia a dia e ele saía em sua forma de lobo completa, somente em momentos de estresse por território, no caso do alfa ou indícios de que sua companheira estaria em perigo."...

" O lobo costuma priorizar a aceitação dele como companheiro, mesmo sendo feral, ele quer que ela sinta desejo por ele, então a marca levemente com a sua língua em alguma parte do corpo, para sinalizar a outros que aquela mulher pertence a ele."

- Oh, isso quer dizer que eu sou a companheira do lobo? - murmurou a si mesma chocada.

Ela não podia acreditar nisso. O canalha a marcou. Marcou! Sem sua permissão!

Precisava ler mais.

Continuou a leitura, terminou e voltou para a estante. Olhou as lombadas dos livros, lendo os títulos e achou um pequeno contendo... posições sexuais para Lobos? Abriu na primeira página do livro, olhando para todos os lados. Passou a primeira folha em branco, a segunda com títulos dos capítulos e a terceira... era outra história, passou página por página do livro e quando chegou ao fim estava suando novamente.

- Deuses. Recolocou o livro no lugar e pegou outros mais. Ficou lendo absorvida pelas histórias dos livros Lobos e seus costumes.

Depois iniciou outro chamando lupinos e suas castas.

Achou extremamente interessante.

Se ela aceitasse teria que viver com o lobo. Carregar filhos dele!

- Ahh. Não, obrigada. Não quero ter filhos tão cedo. - pensou.

Faço duzentos anos semana que vem e estou planejando morar na casa da árvore. Que claro, iria levar até o terreno que ela comprou. Terminaria a faculdade este semestre e obviamente continuaria a criar e vender suas joias. Filhos não estão na lista. Definitivamente não!

Mas ela poderia experimentar o lobo. Sentiu o cheiro dele em si mesma novamente. Quem sabe? O cheiro a manteve consciente dele o dia todo. Seus pensamentos giraram em torno do cheiro e da lembrança marcada em sua mente do primeiro encontro dos dois. Poderia provar o homem... Contanto que ele a respeitasse e não a marcasse, não definitivamente. Não queria pertencer a ninguém. Somente a si mesma. Sua vida estava apenas se iniciando e queria sair e conhecer o mundo. Sentiu o cheiro de novo. Era intoxicante, de um jeito bom. Terminou os livros e os devolveu exatamente onde estavam.

Caminhou até a mesa que estava e pegou sua bolsa. Já estava escuro lá fora novamente. Havia passado o dia na biblioteca com apenas um brownie e meio café no estômago. Ela era assim, quando pegava em livros em um local confortável, apenas queria devorar as palavras. Esquecia que precisava comer. Resolveu que caminharia até o restaurante do Julio's.

A rua estava repleta de gente. Até os elfos haviam saído para dar um passeio ao luar. A lua cheia havia terminado e as noites estavam quentes ultimamente, e os mais jovens costumavam sair para passear, a pé, de bicicleta ou de skate. Tomavam bebidas, comiam lanches e caminhavam até a praça maior com seus sorvetes refrescantes na mão. Era muito gostosa a noite para desperdiçar em casa vendo TV.

Belle sorriu quando algumas crianças passaram correndo por ela rindo e perseguindo um cachorrinho que pulava e corria à frente delas brincando. Olhou para frente, mas não a tempo de evitar esbarrar em uma pessoa, que a segurou firmemente pelos ombros, evitando que ela caísse de bunda no chão, pela força do impacto da trombada. Braços e fortes. Ela se assustou e voltou a se equilibrar. A pessoa a soltou devagar.

- Você está bem? - ouviu a voz antes mesmo de ter tempo de olhar para a pessoa. O cheiro. Pensou que era o dela ainda. Levantou os olhos, enquanto se afastava, a calça jeans vestia um par de pernas musculosas e tão altas que a pessoa só poderia ter dois metros de altura. Subiu rapidamente para o rosto e encarou a os olhos mais verdes que havia visto.

O cheiro, os olhos. Era ele!

Belle estreitou os olhos. Passou pelo rosto dele, e seu maxilar quadrado e forte com alguma barba por fazer, a boca firme e cheia, o rosto perfeito, que a encarava seriamente e os olhos que a fitavam em todo lugar, analisando atentamente suas reações.

- Olá. Eu estava pensando em procurar por você. Já que me " visitou" - fez sinal de vida de reticências com as mãos - ontem. E me marcou...

sem a minha permissão. Você poderia retirar isto? Passei o dia sentindo este cheiro e não é muito agradável sabe, passar o dia com um incômodo constante, você sabe onde.

Ele olhou para ela surpreso com a enxurrada de palavras. Inspirou, igual a fera na noite seguinte. Sentindo seu cheiro, fechou os olhos por um instante e quando abriu falou calmamente.

- Eu não tenho escolha, sabe. Sobre isto. Eu passei a tarde toda, ontem, sentindo SEU cheiro, que veio flutuando na brisa. A... tarde.. toda! - falou ele em pausas. - Quando me transformei, o lobo foi em sua direção e ficou espreitando. Teve a oportunidade de te ver e respeitosamente, te marcou, quando poderia ter te mordido imediatamente.

Ela estreitou os olhos para ele.

- Não se atreveria! Se atreveria? Eu teria te jogado longe com meu poder.

- Ah, eu sei que iria. Sinto o seu poder completamente, girando em torno de nós, assim como o lobo sentiu ontem. Sinto ele me pinicar até, o seu sabor picante em minha língua, permanece. Assim como o meu cheiro em você. Eu te escolhi, mas te dei a oportunidade de me escolher também. Apesar da fera e a demanda pela sua submissão à ela eu lutei contra. Quero alguém que me ame e não que fique comigo por ter sido marcada. Não é fácil para você, mas também não é para mim.

Ela olhou desconfiada para ele.

- Então você me escolheu e me deu a opção de te escolher... Inacreditável. Sinto muito lobinho, mas eu não quero isso. Quero muito mais, tenho apenas cento e noventa e nove anos, e quando eu fizer duzentos anos, semana que vem, vou me mudar. E é só isso que eu quero. Portanto tchau.

Ela saiu andando e ele aspirou o perfume dela. Havia passado a noite toda na cama dela, e o lobo que o levou, claro. Ficou cheirando a cama, os lençóis, rolando nos cobertores. E acordou lá. E quando percebeu que estava nu, deitado na cama dela, esperou e ouviu para ver se vinha alguém, precisava tentar sair de lá, sem que ninguém o visse. Correu pela floresta até chegar ao local, e pegar de dentro do toco de uma árvore, suas roupas. Precisava voltar para casa e depois vigiar e proteger a garota bruxa que conheceu ontem, como sua companheira.

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