Capítulo 3

O dia do seu aniversário chegou e Belle quis comemorar com um bom pedaço de bolo de chocolate com pimenta coberto de morangos. Era seu sabor preferido. E claro, tomaria com algo bem doce, gelado e fresco. Seria uma comemoração somente com sua família, como sempre, mas seria marcado com a remoção de sua casa da árvore do quintal de sua mãe, e a árvore seria levada até o seu quintal, no lote ao lado, que Belle havia comprado com o dinheiro das joias que ela fazia. A mãe estava muito orgulhosa. Apesar de preocupada pelo perfume diferente que Belle estava usando.

Ela havia reencontrado o lobo em várias ocasiões, durante no mínimo umas três vezes por dia. Mas o ignorou em todas as vezes ou fora no mínimo educada e o cumprimentara quando ele estava bem em frente dela, não havia jeito de fingir que ele não existia. Ele a encarava com aquele olhar profundo que parecia ler seus pensamentos ou tirar lentamente suas peças de roupas.

Ela chacoalhou a cabeça para empurrar os pensamentos sobre o lobo embora e fazer o que precisava. Era sábado! Saiu do seu quarto já com as caixas que conseguiu carregar. Suas irmãs estavam felizes que teria mais um lugar para visitar, a partir de hoje. Ela disse que teriam, inclusive, contratado uma empresa para construir os muros, que eles já haviam entregado. Agora, só faltava terminar a decoração da casa térrea e ela teria o terreno todo para ela. Eles foram muito rápidos, levantaram os muros e a casa em três meses. Ela havia preferido uma casa simples, mas com dois quartos, sala e cozinha e que se ambientasse com a natureza que havia em seu terreno, que era de seis hectares de terra, com um pequeno lago e de frente com a praia, bem do lado da floresta como o de sua mãe. Os dois terrenos eram da família, mas por uma tragédia, havia sido vendido para pagar as contas e agora Belle havia conseguido reaver ele. Seus pais estavam completamente felizes e orgulhosos dela. Ela só precisava ver com o arquiteto chefe o projeto que tinha em mente. O arquiteto anterior havia terminado seu projeto e havia viajado para outro local. Mas falaram na empresa que havia o arquiteto chefe deles, que estava nesta área e que era o melhor. Que não deveria me preocupar, pois eu iria gostar muito dos projetos dele.

Ela encontrou a mãe e o pai na cozinha, colocou as coisas no chão e os cumprimentou.

- Bom dia.

- Bom dia! Parabéns filhinha! - Disseram seus pais ao mesmo tempo, indo abraçar ela. Seu pai, um pouco mais velho que sua mãe, ostentava umas mechas de fios grisalhos, nos cabelos charmosos. Era muito gato seu pai. Mesmo aos oitocentos anos. E sua mãe, com seus cabelos negros agora presos num rabo de cavalo, parecia uma jovem adulta de trezentos anos, apenas. Só a viam como uma bruxa mais velha quando ela ficava séria. Aí ela aparentava ter os quinhentos anos que tinha.

- Obrigada. - ela sorriu feliz. Ouviram lá em cima a correria de Aellyan e Bryelle que com certeza apostaram para ver quem dava parabéns primeiro a Belle.

- Lá vem as duas furacões. - disse seu pai rindo e sentando em uma cadeira para comer seus waffles.

Uma algazarra de risos e correria e Belle se viu agarrada por elas e jogada para trás. Seu pai rapidamente, jogou em um feitiço, e apareceu um colchão embaixo, bem onde elas caíram.

- Meninas, vocês são tão previsíveis. Deveriam mudar os seus modos para o ano que vem. O que acham? - falou o pai rindo das três emboladas em cima do colchão no meio da cozinha.

- Vamos comer pois temos muito trabalho pela frente. Vai ser um aprendizado para vocês de como mover coisas enormes de um local para o outro. - Sua mãe falou. Colocou a última jarra de suco na mesa e o pai que havia cozinhado, foi servindo as três com suas comidas de desjejum preferidas. Belle ganhou um cupcake com uma velinha dourada em cima. Cantaram parabéns e seus pais lhe deram sortilégios de presente. Após todos comerem, Belle foi até o pequeno portão que havia mandado fazer do seu quintal para o quintal de seus pais, através do muro. E começaram a transportar a gigantesca árvore para o seu terreno. Seus pais mostravam como faziam, o que falavam enquanto puxavam a árvore do chão com suas raízes, cuidadosamente. A mãe abriu a terra, para desterrar o máximo que podia, das raízes desta maravilhosa árvore centenária. Haviam pedido a permissão da árvore para transportá-la e ela havia dito que gostaria de ter uma outra visão da floresta e da praia. Seria uma boa mudança. Então a árvore retirava suas raízes de baixo da terra conforme elas iam se soltando. Ela até iria andando mas não passaria pelo pequeno portão entre os terrenos. Quando a árvore já estava completamente fora da terra, eles a fizeram flutuar, Belle ajudando, compenetrada na tarefa. Do outro lado já havia sido feito o buraco para que a árvore ficasse plantada e bem perto dela havia o belo lago. Seus pais foram conversando e explicando a complexidade do feitiço que faziam ali para Aellyan e Bryelle. As duas olhavam atentamente, imitando os movimentos e anotando todas as palavras dos feitiços em seus cadernos. Belle lembrou que não muito tempo atrás, era ela quem anotava os feitiços e movimentos de varinhas, que os pais a ensinavam. Agora ela estava apenas saindo de casa. Para a casa ao lado, mas era a casa dela. Com as coisas dela e ela iria começar a decorar. Estava super empolgada com isso. Acabaram por colocar a árvore na vala que haviam pedido para que abrissem e a árvore empurrou suas raízes por baixo do solo, se acomodando. Então eles começaram a empurrar a terra para enterrá-la. Ela suspirou e remexeu seus galhos e folhas.

- Que lugar adorável pequena Belle. Estou satisfeita com ele. Obrigada. - A árvore falou em suas mentes. Sorriram e se abraçaram à árvore. Depois, Belle mostrou a pequena casa que haviam criado, ela e o arquiteto, que se mesclava com o jardim antigo e a natureza original do lugar. Ficaram todos muito felizes por ela. Foram para casa e ela foi trabalhar em sua casa na árvore. A brisa fresca entrando pela janela que agora dava diretamente de frente para o mar e saindo pelos balcões abertos de frente com a floresta. Após algumas horas criando e desenhando novas peças da Coleção Natureza que ia fazer, ela resolveu sair para buscar seu bolo. Já havia imaginado tudo na mesa do seu jardim. Olhou pela janela e notou que o sol já estava quase se pondo. Olhou no relógio e percebeu que eram quase seis horas. Inspirou profundamente e sentiu o cheiro que havia tentado ignorar todo o tempo.

- Ahhh lobo! - tomou um banho rapidinho e colocou a roupa que iria usar antecipadamente. Só chegaria da cafeteria da Hélène, colocaria o bolo e bebidas no refrigerador já que havia organizado tudo para que a mesa ficasse pronta na noite anterior. Desceu flutuando da árvore e olhou ao redor, em seu lindo jardim, sua casa, seu lar. Sorriu feliz, correu até a garagem e entrou no carro. Saiu e passou pela estradinha privativa que margeava boa parte da faixa da praia.

Saindo para a via em comum com a casa de seus pais, ela passou por outra estrada nova que estavam construindo logo à frente. Uma que entrava direto na floresta. Deu uma pequena bisbilhotada, passando devagar, e visualizou uma antiga mansão. Nunca havia visto essa mansão ali. Mas também, nunca houve uma estrada, antes era tudo fechado e ela e as irmãs nunca entraram tão profundamente na floresta assim. Mesmo após adultas. Continuou pelo caminho e passou em mais algumas lojas antes de buscar o bolo. Comprou castiçais e velas que queria colocar para tirar fotos. Amava fotos. Passou na floricultura e pegou suas flores preferidas e vários pacotes de sementes. Iria florir elas pelos canteiros do jardim, após seus pais e irmãs se retirarem para dormir.

Seria o seu presente de aniversário para si mesma. Caminhou pelas ruas e entrou na cafeteria, sentiu o cheiro mais forte do lobo. Havia visto ele várias vezes desde o primeiro encontro dos dois, ele como homem.

Só se sentou e Jefhy já sinalizou que pegaria suas encomendas. E ao relancear os olhos pelo lugar, ouviu o sino da porta abrir, olhou e deu de cara com ele que entrou e sentou exatamente na cadeira ao lado da sua. Ela disfarçou olhando para o outro lado. Mas ele logo a cumprimentou.

- Olá. - Ela virou o rosto para ele.

- Oi - falou automaticamente. Ele estava todo arrumado. E olhando ao redor já havia um monte de garotas já falando sobre ele ou passando perto para se mostrar de alguma forma. Belle olhou ao redor, arqueou as sobrancelhas e voltou os olhos para ele, que não havia tirado os dele, dela.

- Soube que é seu aniversário hoje. Parabéns. Irá comemorar de alguma forma? - Falou ele com aquela voz lhe causando arrepios pelo corpo.

- Sim, sempre comemoro com minha família. - ela falou disfarçando e olhando em tudo menos nele. Olhou para o balcão, mas não adiantou muito. Ele estava com as mãos estendidas nele. Ela olhou os dedos compridos e a palma firme e lembrou do toque dele em seu ombro, a mão quente e gentil. O hálito dele a rodeava e ela estava ficando tonta, já. Estava difícil se acostumar com o perfume dele. Aquela coisa do cérebro se acostumar com os odores para que a pessoa não ficasse com dor de cabeça ou tivesse alergias, aparentemente não funcionava com perfume desse lobo em particular. Ela dormia e acordava sentindo o cheiro dele! O dia todo, sentindo o maldito e delicioso cheiro.

Seu sonho preferido e o que odiava ao mesmo tempo era o sonho em que ela repetia novamente a noite em que ele a marcou. A lambida na pele. Se bem que ela não precisava sonhar se ela se pegava divagando e repassando o momentos na mente dela. E ele também se encontrava com ela várias vezes por dia em locais diferentes. E sempre. Sempre estava super gostoso. Poderia ser ao menos um pouquinho feio? Mas não! O cara além de cheiroso era lindo e gostoso! Era destino querendo foder com ela. Só podia. Ele puxou o ar, farejando do seu lado. Ela voltou o olhar para ele.

- Você está me cheirando?

- Desculpe, eu não pude evitar. Sinto muito - ele respondeu.

- O quê você está fazendo aqui, se posso perguntar? - ela continuou.

- Esperando uma encomenda, como você. - Puxou o papel do pedido e mostrou a ela. Ela leu o que ele encomendou. Brigadeiros e camafeus.

- Hum, bom gosto. Adoro isto - comentou.

- Mesmo? - Ficou realmente curioso.

- Sim - ela falou simplesmente. Reparou no sorrisinho que se formou nos cantos dos lábios dele. Humm, sexy demais. Desviou os olhos, o coração acelerado. Tortura pura. O atendente veio com seu pedido, uma caixa grande com algumas caixas menores em cima, duas garrafas de refrigerante e duas de champagne, que tomaria sozinha. Ele colocou suas coisas em cima do balcão e as duas caixas menores do lado dela em frente ao lobo.

- Obrigada garoto. - Ele tirou uma gorjeta generosa e deu na mão do rapaz que ela também ajudava com caixinhas boas, Jefhy. Ele sorriu todo feliz.

- Obrigada Jefhy. - Ela deu a gorjeta dela também. Levantou e tentou carregar a caixa grande e as duas sacolas pesadas. Foi encaixando as sacolas nos dois braços e puxou a caixa que estava bem pesada com o bolo. Ele simplesmente pegou a caixa e as dele junto. - Eu levo para você. Está bem pesado. - Ela olhou pra ele desacreditando que ele estava achando algo ali pesado. Levava na maior facilidade. Ela mordeu a língua para não ser mal educada.

- Obrigada.

- Pode ir na frente, eu te acompanho. Ele disse. Ela passou e ficou reparando nos olhares de inveja das mulheres solteiras do recinto. Até mesmo as ninfas da outra vez olhavam para ele e para ela com certa inveja. Isso a irritou. No mínimo pensavam que ele estava com ela de alguma forma. Ela corou, quando parou na porta e percebeu pelo reflexo no espelho que ele mordia o lábio olhando para seu quadril. Ela sabia que tinha aquela parte muito generosa, até demais. Às vezes sentia que sua bunda era uma entidade à parte do seu corpo, com vida própria. E não podia usar uma mini saia ou qualquer calcinha porque as saias subiam e as calcinhas pequenas desapareciam. Os biquínis eram um problema, sempre entravam na bunda. E ela se recusava a comprar roupas de praia da faixa etária de 60+.

Suas irmãs tinham o mesmo problema, herdado de sua mãe. Mas sua mãe tinha muito orgulho de seu bumbum. Já elas influenciadas pela moda de coisas skinny ultrapassavam o sexy quando queriam colocar algo que estava nas vitrines. E ele pelo jeito adorou seu traseiro. Já que ele ia olhar, que olhasse bem olhado, pensou irritada. Iria fazer ele sofrer um pouquinho do que ela sofria com o cheiro dele impregnado nela. Começou a rebolar mais do que devia. Enquanto ele a seguia. Ela riu baixinho. Quando chegou ao seu carro, ela abriu a porta traseira e a do passageiro para colocar o bolo e levá-lo em segurança. Na parte de trás, se inclinou e colocou as sacolas das garrafas no chão. Ouviu ele gemer e sentiu o cheiro tão forte que lhe parecia uma presença. Ela se levantou devagar e virou para ele disfarçando. Sabia que tinha ficado excitado, ela também estava a provocá-lo. Pegou a caixa de bolo que ele carregava com as duas caixas menores em cima colocou na assento da frente do carro, do lado do passageiro e esperou ele tirar as próprias caixas de cima da sua caixa...ele não o fez.

- Obrigada...é.. Não sei o seu nome.

- Zarwin Blackwolfgan.

- O meu é Belle Grimmyre. - Ele apenas olhou para ela, que ficou sem graça olhando para ele. Era enlouquecedora a forma como ele parava com as duas mãos nos bolsos da calça jeans encarando seu rosto, detalhe por detalhe. Os olhos lindos, verdes, passando por cada detalhe seu. Era quente, oh era mesmo! Ela suspirou e foi um erro pois sentiu o cheiro dele mais forte do que já estivera, desde a noite que a fera entrara em casa.

- As caixas são suas. Um presente pelo seu aniversário. E isto também é - disse ele lhe estendendo uma pequena caixinha preta. Belle olhou surpresa para a caixinha na mão enorme dele.

- Ah, eu não posso aceitar, mas obrigada por ter pensado em mim. Na verdade, como sabia que era hoje? - Fez uma expressão de dúvida.

- Eu fiz uma breve pesquisa no centro da cidade na casa de castas e gerações. Está lá seu dia de nascimento e eu realmente gostaria que você ficasse com isto. Mandei fazer especialmente para você, por uma artista sensacional que encontrei. É admirável. - Ele ficou olhando para ela com a caixa de veludo comprida e com intrincados letras douradas gravadas. Somente a caixa já era um presente absolutamente precioso e intrigante e Belle como artista ficou realmente tentada, queria muito ver a peça que ele mandou fazer. Como artista de jóias apenas. Pegou a caixa e abriu.

- Oh, mas, fui eu que fiz esta peça. Como, se nos conhecemos há apenas uma semana?

- Há muito mais por lhe contar. Não a conheço há uma semana, não para mim pelo menos. Estou há três meses vindo aqui, para ver o terreno e a casa que reconstrui, fechamos a compra há dois meses e eu a vi desde o primeiro dia na cidade, caminhando. Eu confesso que bisbilhotei mais do que os registros de sua casta Belle Grimmyre. Eu pesquisei por você na Internet também. - Ela estava parada encarando ele. Boquiaberta. - Fique com a joia, você sabe que foi feita com muito amor. Eu senti isso nela quando a recebi. Serve perfeitamente para você, já que o pedido foi que você a fizesse como se fosse sua. Tenha um lindo aniversário. Até qualquer hora.

E simplesmente saiu. Belle estava tão chocada que ficou pela primeira vez em sua vida sem reação. Essa sensação de que já havia sentido esse cheiro antes, ela sentiu. Ela entrou no carro, ficou olhando a jóia magnífica, pela qual cobrara bem caro do misterioso comprador. Ele havia entrado em contato com o nome de Empresas Black e ela deu uma pequena pesquisada na Internet e descobriu que era uma empresa gigante que tinha inclusive ações na bolsa. Eles tinham vários ramos imobiliários, como arquitetura, decoração e construção civil. Então concluiu que seria seguro vender a ele algo tão caro. Que ele não iria cancelar a compra após receber, como faziam os ladrões de Internet.

Ficou olhando o colar magnífico que fizera. A joia com uma pedra verde, a magnífica esmeralda do tamanho de uma uva, incrustada com pequenos e delicados filetes de ouro branco e ródio, formando a cabeça de um lobo entrelaçado com uma varinha. Como não havia percebido o pedido incomum? Havia postado ele em uma caixinha também artesanal, apenas na semana passada, e ele o colocara nesta caixa. Parecia uma caixa ancestral. Ela estava encantada. Queria perguntar a ele quem fez a caixinha. Mas ele já havia ido embora. Ela estava repleta do cheiro dele. Era quase noite já e ela precisava ir pra casa.

Entrou no carro com a caixinha. Suspirou.

- Agora, isto foi surpreendente - falou ela em voz alta.

Ligou o carro e foi para casa. Ainda tinha uma hora pra terminar de organizar as coisas. Seus pais iam levar o jantar e ela as sobremesas. Dirigiu até sua casa, colocou o carro na garagem e abriu a porta da sala ainda vazia. Voltou ao carro e pegou as coisas que havia comprado. Colocou o bolo, os doces e bebidas na geladeira e fez uma salada de batatas bem temperada para comer de aperitivo. Sua cozinha já estava em pleno funcionamento, faltava somente os diversos móveis e decorações que colocaria pela casa. Pegou os recipientes e taças novas da embalagem e lavou tudo. Se serviu de champagne, abriu as caixas menores que recebeu do lobo e colocou os docinhos em uma travessa de vidro. Levou tudo para fora, acendeu as luzes do jardim e espalhou as velas em pontos estratégicos. Os castiçais e flores espalhados pelas bancadas e pequenas mesinhas de canto, dos sofás feitos de cimento e cobertos com colchonetes grossos e impermeáveis, com várias almofadas para encostar. O pergolado de ferro branco era encantador. A luz da lua já estava se fazendo notar. Subiu em sua casa da árvore, levando a caixa preciosa com o colar que ganhou do lobo Zarwin, e olhando lá de cima como tinha ficado o jardim, tirou uma foto e postou em sua rede social de fotos. Estava encantador o seu jardim. Terminou de se arrumar, colocou uma maquiagem leve, um perfume mais forte para tentar ocultar o do lobo e olhou a floresta do outro lado, da sacada. Era uma noite tipicamente de verão e ela deixou todas as portas e janelas abertas. Mais ao longe, viu uma pequena fresta de luz. Achou que seria da mansão de pedras que tinha visto mais cedo.

Ouviu o barulho do portão entre os terrenos se abrindo, olhou no espelho, a blusa com decote V, acinturada, a saia levemente fluída, com um fenda lateral e que dançava sobre suas pernas enquanto andava, a sandália nude e o rosto com uma maquiagem leve, com batom cereja e cílios grandes. Os cabelos negros como os da mãe e os olhos acinzentados. Resolveu colocar por impulso, o colar que havia feito e que por acaso, tinha amado tanto que tinha feito também uma pulseira e brincos igual. Jamais havia imaginado que os usaria juntos. Que ele fora encomendado para ela.

Amou o resultado e desceu encontrando seus pais e irmãs que olhavam, encantados, sua decoração.

- Oi filha. Estamos muito orgulhosos de você. Olha isso, ficou um jardim de sonhos! Parabéns Belle. - Falou a mãe emocionada indo abraçá-la. - Perdemos nossa bebê para o mundo Barth.

- Ahh mamãe, nunca me perdeu. Tanto é que estou aqui, do ladinho de sua casa. Vamos nos ver todos os dias.

- Eu sei. Não ligue para sua mãe. Sou uma boba super protetora.

- Eu sei mãe, não vou mentir falando que me incomodou muito a sua super proteção mas agora já sei me proteger. Afinal, termino minha segunda faculdade de magia com especialização em proteção e ataques e sou a melhor da classe. Vocês me ensinaram bem.

- Isto é verdade Zendaya, nossa filha tem notas que nenhum de nós tivemos em nossa juventude. Ela saberá se proteger de qualquer coisa. - Falou o pai a abraçando.

- Nós iremos sentir sua falta Bells - disse sua irmã Aellyan.

- Não irão! Irão ter seus próprios quartos agora que saí. Vai ser uma bênção, vocês sempre falaram isso. E a hora que quiserem, logo que eu mobiliar essa casa, podem vir para fazermos uma baladinha e deixar os nossos pais terem uma noite de namorados a sós. Que tal? - Vai ver como pequenas aventuras, disse ela abraçando as duas. Sussurrou em seus ouvidos - Logo será a vez de vocês. - elas riram.

- Então, vamos, coloquei as travessas de comida que eu e papi fizemos na mesa logo ali, era onde deveria ficar filha?

- Sim mãe. Ali mesmo.

- Então vamos nos servir. Está tudo quente.

Aproximaram-se da mesa, sentaram cada um em uma cadeira e o pai e a mãe começaram a servir os pratos. Colocaram para Belle e estenderam o prato para ela.

- Para a princesa aniversariante da noite. O ora tô preferido. Lagostas ao molho de Camarões, arroz com açafrão e legumes salteado na manteiga.

- Que delícia, papai. Obrigada, aos dois. Por tudo. Sou muito grata por ser filha de vocês, pela nossa família maravilhosa. Os amo. - disse ela emocionada. - desculpem eu sempre fico emotiva mas agora que estou em minha casa própria, fiquei muito mais.

- Não precisa se desculpar, nos sentimos da mesma forma.

A noite passou num piscar de olhos e elas já comiam os doces e bolo. Foi um dia produtivo e cansativo para ela, no dia seguinte estaria de folga e pretendia dormir o dia todo após a caminhar na praia. Seus pais e irmãs se despediram e ela os acompanhou até o portão.

- Notei o conjunto magnífico que você criou filha. Pode fazer um pra mim, mas com pequenos corações no lugar do lobo e da varinha? É para homenagear vc e suas irmãs. E coloque uma pedra parecida com os olhos de vocês. Encantador. Eu apenas estou intrigada com o lobo.

- Ah, é porque eu amo a lua e Lobos uivam para a lua não é, me sinto meio loba quando vejo a lua, ela me atrai muito. - balbuciou uma desculpa.

- Que criatividade filha. Tô impressionada. Amei meu amor. Boa noite. - A beijou e fecharam o portão.

Belle tirou os sapatos e foi pegar as sementes. Caminhando pelos arbustos bem cuidados, foi jogando as sementes, e jogava sua magia de floração. As flores foram surgindo lindamente em seus pequenos canteiros, uma azul, outra vermelha, outra rosa, brancas, amarelas, e de várias outras cores. Em volta do lago colocou as sementes de dama da noite que cresceram e floresceram, fazendo o jardim ficar mais perfumado. Quando terminou, sorriu satisfeita. Foi andando a pé até a praia, para uma caminhada noturna. Suas irmãs estavam perto da estrada esperando por ela. Já que faziam isto todos os anos nos aniversários delas desde os cento e cinquenta anos de Belle. Estavam dando risadinhas.

- Eu falei para vocês me esperarem dentro de casa e não na estrada. Esqueceram dos vizinhos Lobos e bersekers? Eles são selvagens, vocês podiam ser seduzidas. - Falou Belle para as duas.

- Ohhh, eu não os vi ainda, porque nossa faculdade fica mais longe da nossa cidade mas bem que eu queria. - disse Aellyan ignorando a advertência de Belle - Vi umas ninfas elogiarem as castas deles, falaram que são quentes. Tão quentes que era perigoso cair direto no inferno se os olhassem mais. - Riram

- Eu conheci um dos Lobos. E ele é realmente o cara mais lindo e gostoso em que coloquei meus olhos. E o cheiro dele! - confidenciou Belle

- O quê, você viu um deles? Nos conte tudo! - perguntou Bryelle empolgada.

- Não há nada para contar, ele me ajudou a carregar o bolo, doces e bebidas que comprei da Hélène. Só.

- Só!? O que o fez fazer isto? Porque pelo que uma ninfa disse ela tentou jogar seu perfume sexual em um, e ele simplesmente passou por ela e a ignorou. Então, você deve ter feito algo que chamou a atenção dele. Eles não olham pra ninguém. Pelo menos é o que eu ouvi falar. - Falou Bryelle

- Não fiz nada. Garanto. Caminharam até a água que estava morna. Sentaram na areia e ficaram esperando o milagre da via acontecer. Era sempre nesta época que ovos de tartaruga abriam e pequenas tartaruguinhas corriam para o mar. Era encantador. Passaram a noite lá, ajudando os bebês tartarugas a chegarem ao mar e Bry e Aelly foram para a cama. Belle caminhou mais para frente pela estrada até sua porta de entrada e entrou. Trancou as portas, apagou as luzes que ainda estavam acesas, juntou uma garrafa de champanhe e uma taça e foi para a casa da árvore. Andando pela grama macia, seus dedos eram inundados de pequenas cerdinhas que faziam cócegas.

Subiu e ainda acordada resolveu tomar banho. Tirou as roupas, colocou no cesto e foi andando nua pela casa até o banheiro. Parando na frente do espelho, prendeu os cabelos, e passou um démaquillante com cuidado no rosto e lábios. Entrou na banheira, deitou e foi tomando o líquido rosado e borbulhante. Estava um pouquinho alta já e ainda eram duas da madrugada. O calor abrasava sua pele. O cheiro do lobo a deixava mais inebriado do que a bebida. Levantou da banheira, secou o corpo e foi pra varanda nua. A brisa, no seu corpo quente, era maravilhosa. A lua estava tão linda. Ela a chamava, pensou. Passou os olhos lentamente pela floresta escura. Somente se via o brilho de uma luz acesa bem ali no meio. A luz ainda estava acesa. Não dormiam ainda ali será? Ou esqueceram de apagar. Ela não se importou muito. Com certeza não a veriam dali, não é? A sua árvore era muito maior que as do início da floresta e no meio somente algumas estavam na mesma altura.

Ela deitou na sua cama. Ainda não havia trocado os lençóis, então era o lugar da casa que mais cheirava a Zarwin, o lobo. Gemeu se acariciando, deu livre vontade ao seu corpo. Pela primeira vez, pensando nos lábios grossos, no pequeno sorriso de canto de boca e no corpo delicioso de Zarwin ela se satisfez e foi o maior orgasmo que ela teve na vida. E isto era só com seu cheiro em sua pele e cama e as lembranças de seu toque e sua aparência. Que Hecate a protegesse quando fossem transar de verdade. Talvez ela não aguentasse.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo