O ritmo de nossa vida em Laguna havia se estabelecido em uma rotina suave, ditada pelos horários de Maya.
Lucas já estava morando conosco há alguns meses, mas nossa intimidade, embora real, era cautelosa. Éramos parceiros de parentalidade, amantes nas noites calmas, mas não éramos namorados no sentido público da palavra. A ferida da humilhação ainda exigia formalidade.
Certa noite, Lucas me surpreendeu. Ele havia enviado Emma e Mia para jantar fora, com a condição de que levassem Maya para um passeio longo na orla. Quando voltei para a sala, ele havia montado uma mesa simples na varanda, de frente para o mar. Não havia flores caras, apenas velas, um vinho branco gelado e o cheiro do meu prato preferido: risoto de camarão.
— Eu não cozinhei — ele confessou, sorrindo. — Pedi ao melhor chef da cidade. Mas eu montei a mesa. E a música é só o som do mar.
Eu me sentei, sentindo a emoção subir. Não era o luxo da cidade, era o cuidado que eu havia perdido.
— Lucas, isso é lindo.
E