Mundo ficciónIniciar sesiónLiz se virou imediatamente, pensativa. Aquele homem não entenderia todos os sentimentos que estavam passando pelo seu coração naquele momento, nem os seus pensamentos.
Pensar que ela chegou tarde demais, tarde demais para reconstruir os laços quebrados com a única família que lhe restou.
E a culpa? A culpa não era algo podia mensurar. A todo momento ela relembrava o momento em que ela desejou que Carla tivesse dor e sofrimento em seu futuro e agora, sabendo que seu desejo se concretizou, ela não sentia nenhuma satisfação nisso, apenas culpa.
— Senhorita, me desculpe, eu disse que não existia ninguém mais dessa família, pois a menina… eu soube que a menina foi enviada para um orfanato. Talvez até já tenha sido adotada e tenha outro sobrenome, eu não sei. Era uma garotinha linda e saudável, diferente da mãe.
— Onde ela está! — surpreendendo o homem, Liz o puxou através das grades de ferro do portão, pegando-o pelo colarinho — Onde está a menina, diga logo! — ela gritou, descontroladamente.
— Ei, moça! Você está me machucando! — o homem protesta, assombrado com a força de Liz.
— Se quer que eu te solte, diga logo onde está minha sobrinha!
— Moça, eu… eu não sabia que a senhorita Carla tinha uma irmã…
— Cale-se! Diga logo para onde mandaram a menina!
— Eu não sei! Só sei que foi para um orfanato. Olhe, eu sou apenas um empregado, só sei o que as pessoas falam, não sei de coisas tão específicas.
— Inútil! — Liz diz, soltando o homem — Não me admira que esse lugar está todo destruído, você não presta nem para contar uma fofoca direito, imagina como deve ter cuidado desse lugar!?
— Ei moça, você não é a senhorita Elizabeth?
— Como assim?! — Liz se perguntou como aquele homem sabia o seu nome.
— Vendo você tão descompensada, me perguntei se não era a senhorita Elizabeth, pois o senhor dessa casa, antes de morrer, deixou uma correspondência para senhorita Elizabeth, algo que só ela poderia abrir.
— Que correspondência?! Vamos, onde está essa correspondência! — Elizabeth gritou, ela estava realmente descompensada ao descobrir que sua família passou por momentos tão tristes enquanto ela estava longe.
O homem, com um pouco de desconfiança, pegou um envelope velho e rasgado e entregou a ela.
— Não tem nada aí dentro, somente um endereço de um banco. — ele disse e Elizabeth rosnou, percebendo que o homem havia aberto a sua correspondência.
Ela estava muito brava e saiu andando rápido, sem rumo. Liz estava muito brava e o empregado sofreu um pouco da sua ira.
…
Liz deu algumas voltas pelo bairro onde o seu tio morava, se martirizando por não ter ficado aqui e cuidado da sua família. Voltou a casa algumas vezes, esperando que tudo fosse apenas uma pegadinha.
Agora, olhando para a Liz do passado, ela sentiu vergonha. Se perguntou como que a Liz do passado abandonou as pessoas que a acolheram quando ela ficou órfã, que lhe deram educação e o sobrenome da família, pelo Lauro…
“Que raiva! Lauro não merecia todo o drama que fiz! Com certeza deveria ter presunçoso! Que raiva!”
Liz bateu o pé de raiva e chorou algumas vezes, pedindo uma chance de se redimir e mostrar que ela não era tão egoísta, que ela ainda amava sua família e se tivesse voltado a não teria deixado aquela família se destruir. Até porque, hoje, ela descobriu que estava ao lado do seu grande amor o tempo todo e o seu grande amor, era ela mesma. E se tivesse descoberto isso antes, teria chutado Lauro da sua vida e não deixado ele machucar tanto assim o seu coração.
Imediatamente, uma luz veio a mente de Liz, a última mensagem de Carla, dizendo que aquela menina, a bebê que estava em seu ventre, era a forma que ela pensou em recompensar Liz por todo o sofrimento. Agora ela entendeu tudo, quando Lauro nunca era mencionado nos pedidos de desculpas, pois ninguém sentia culpa por separar Liz de Lauro, pois sabiam que ele iria fazer Liz sofrer tanto quanto fez Carla sofrer.
Liz correu para o hotel e passou a tarde e a noite toda investigando tudo o que aconteceu e contatando amigos da família.
Ela descobriu que tudo foi perdido, Lauro vendeu a empresa, pois não estava conseguindo administrá-la. As dívidas fizeram com que ele perdesse a casa para o banco.
E era verdade, todos seus parentes morreram, menos a menina, que estava em um orfanato que Liz, com sua perspicácia, logo descobriu.
Assim que amanheceu, Liz estava na porta do orfanato e Assim que foi atendida por alguém na porta, ela disse:
— Meu nome é Elizabeth Martinez e eu vim aqui tirar a minha sobrinha desse lugar!
A atendente ficou pasma com a atitude de Elizabeth, ela foi direto ao ponto, sem rodeios. Era exatamente o que ela queria e ela não estava mais na idade de fazer suspense para dizer as coisas.
— Bem, se você é parente de alguma das nossas crianças, entre e fale com a responsável pela adoção. — a atendente disse, sem fazer as perguntas habituais, a determinação no olhar de Elizabeth demonstrava que ela estava certa do que disse, ela queria aquela criança.
Porém, a responder pela adoção não foi tão solicita quanto a atendente e foi logo dizendo:
— Bem, sim, a criança que está procurando é um dos nossos órfãos. Aurora Martinez. Mas esta criança já está em processo de adoção e temos muitos pais interessados nela. Ela já tem seis anos e só conseguimos a liberar para adoção após os psicólogos atentarem que ela estava pronta para aceitar uma nova família. Mas ainda assim, não é uma adoção fácil, a menina passou por muitos traumas, o abandono do pai e ver mãe morrer em tão pouca idade a fez uma criança muito triste e fechada para mundo.
— Mas eu sou tia dela, sou uma parente. Eu vim tirar ela daqui e creio que a justiça prefere que a criança fique com um parente.
— Não é bem assim. A criança já está nesse orfanato há dois anos e nenhum parente apareceu. A justiça já liberou que ela fosse para adoção e não temos como retroceder.
Liz ficou paralisada por alguns instantes, se aquela menina fosse adotada, ela perderia totalmente a chance de fazer diferente, a chance de se redimir, a chance de cuidar do que restou de sua família. Sem contar, que…
— Olhe! — Liz mostrou a mensagem em seu celular — Veja o último pedido da mãe da menina! Ela pediu que eu cuidasse dela!
— “Traidora - Ladra de Maridos”? — a responsável da adoção pergunta, ao ver o nome que estava escrito no contato do telefone.
— O quê?! Não.— Liz puxa rápido o seu celular, percebendo que não havia mudado o nome que colocou no contato da sua prima quando estava com muita raiva dela — Liz mudou rapidamente o nome e entregou novamente a ela. — Foi um mal-entendido, mas veja a mensagem por favor. Ela pediu que eu cuidasse da filha dela.
— Sim, vejo que é verdade. Porém, não podemos fazer nada. A menina está na fila da adoção e não podemos reverter. Se você quer muito a menina, se candidate como os outros interessados para adotá-la.
— Está bem, então coloque o meu nome aí. Eu quero adotar a menina. Me coloque como preferencial, pois eu não vou admitir que essa menina vá para outra família!
— Bem, isso eu posso fazer, porém… o seu esposo deve vir com você para eu fazer o cadastro.
— Como?! Mas eu não sou casada!
— Não é?! Bem… Olhe, senhora Elizabeth. A menina tem carência de ter um pai e uma mãe, será muito difícil colocar a senhorita como adotante preferencial se não é casada, pois já está no formulário da órfã que ela deve ser adotada preferencialmente por um casal. E acredite, já temos muitos casais interessados na menina.







