Mundo ficciónIniciar sesiónLiz se levantou, com os olhos arregalados. Aquilo não era possível, ela não podia perder a chance de adotar a menina porque não tem um homem. Ela já se bastava e iria cuidar daquela criança com todo amor do mundo.
— Senhorita, se a criança não se adaptar a nenhum casal, talvez você ainda tenha chances de adotar a criança.
— Chances?! Mas… eu não lido com chances… — Liz disse baixo, olhando para o nada, se perguntando se agora era hora dela sofrer com sua própria maldição. Se aquela menina fosse adotada por outra pessoa, Liz nunca mais iria se perdoar.
— Você quer ver a menina?
— A menina?!
— Sim, você quer a conhecer? Como é sua parente eu posso permitir isso, posso permitir que a visite.
Liz acenou brevemente em positivo e a responsável pelas adoções a levou até uma sala de espera.
Liz ficou lá por minutos, que pareciam horas. Suas mãos suavam e seu coração palpitava. Ela nunca havia visto o rosto da menina.
“E se ela for parecida com Lauro, será que vou conseguir amá-la por parecer com aquele canalha?!”
Liz se perguntava, ficando ainda mais nervosa.
De repente a porta se abriu e entrou lá uma princesinha. A menina tinhas os cabelos enrolados nas pontas e a cor dos cabelos eram castanhos escuros, como os de Liz e de Carla. A menina tinha os olhos esverdeados, como os de Liz e Carla. Na verdade, ela não se parecia nada com Lauro e Liz podia até dizer que a menina poderia ser confundida como sua filha biológica.
A pequena ficou quieta, enquanto a responsável pela adoção estava por perto e Liz não parava de olhar aquela pessoa em miniatura que ela mal conheceu e já tocou o seu coração de uma forma nunca tocada.
— Eu te disse que ela era muito tímida, dê um tempo a ela, está bem? — a responsável pelas adoções disse — Vou deixar vocês sozinhas, mas qualquer coisa pode me chamar.
A mulher saiu e Liz se viu sozinha com aquela menina. A pequena usava um vestido branco e um laço no cabelo. Liz pensou que ela era linda como um anjo e que ela queria muito abraçar aquele pequeno ser.
De repente, a menina disse:
— Titia Liz?!
Liz ficou surpresa e sem reação.
— Titia Liz veio me buscar?
Liz não conseguiu conter as lágrimas, apenas acenar em positivo.
Então a pequena correu e abraçou Liz.
Liz a abraçou de volta, sentindo seu coração bater tão forte que parecia que iria sair de seu peito.
— A titia Liz é tão bonita! É mais bonita do que nas fotos que mamãe me mostrou.
— A sua mãe te mostrou fotos minhas? — Liz pergunta, abismada por aquela criança tão pequena ter tão boa memória.
A menina acenou em positivo e sorriu, mostrando seus pequenos dentinhos brancos.
— A mamãe sempre me mostrou fotos da titia e sempre me disse que a titia era linda. A mamãe me disse que quando ela fosse para o céu, a titia Liz iria vir me buscar e que era para eu ser muito boazinha com ela.
Liz engoliu em seco e acariciou as bochechas da pequena. Ela sorriu novamente e ela era tão bonitinha quanto uma boneca e imediatamente Liz sentiu em seu coração que a menina era dela, que ela não era a sua sobrinha, ela era a sua filha.
De repente, a porta se abriu e a responsável pela adoção entrou e disse:
— O tempo da visita acabou, Aurora precisa estudar agora.
Aurora olhou para a mulher, confusa, e após, olhou para Liz.
— A titia não vai me levar embora?
— Não, a titia só veio te visitar. — a mulher do orfanato disse.
Aurora abaixou a cabeça e imediatamente pareceu triste, seu humor melancólico era cortar o coração.
— Aurora promete que vai ser muito boazinha, titia. Por favor, me leva embora com você! — Aurora disse e podia-se ver, uma lágrima caindo de seus olhos.
Elizabeth se ajoelhou no chão e enxugou as lágrimas da pequena com o seu polegar, após a abraçou e disse:
— A titia Liz não pode te levar agora, mas ela promete que não vai desistir. Ela promete que irá fazer o que for para te tirar daqui. — Liz se afasta e pega no queixo da pequena, levantando o seu rosto — Aurora, promete para mim que nunca mais vai chorar, porque uma promessa minha é uma promessa que não vai ser quebrada. Eu vou te levar comigo e você será a menina mais feliz do mundo todo, está bem?
Aurora enxuga as lágrimas com as costas das mãos e sorri.
Liz se levanta e diz para a responsável pelas adoções:
— Não se atreva a deixar alguém levar essa menina daqui até eu voltar. Eu vou voltar aqui com um marido e vocês não vão poder me impedir de levar a minha sobrinha… sobrinha, não. Vocês não poderão me impedir de sair com minha filha daqui.
Naquele dia, Liz foi ao banco, com o envelope entregue pelo seu tio. Ela descobriu que tinha uma conta em seu nome com um valor de cinco milhões de dólares, fazendo as contas ela deduziu que aquele valor era o um milhão que seu tio lhe compensou pelo casamento de Carla com Lauro e após 10 anos o valor havia se convertido para cinco milhões. Além de tudo, havia algumas ações da empresa em seu nome e Liz percebeu que a empresa não foi vendida totalmente.
Ela entendeu que seu tio fez isso antes de morrer e ele não podia prever que sua mulher e sua filha passariam por tantas dificuldades e precisariam mais daquele dinheiro do que Liz.
Liz voltou para o hotel e passou a noite acordada. Ela não parou nenhum instante, fazendo planos e listas. Mais uma vez estava fazendo planos para se casar e dessa vez não poderia falhar.
Ela imprimiu uma pasta de papéis e no horário certo ela estava lá, sentada na mesa do restaurante, onde estavam acontecendo encontros às cegas para formar casais. Liz estava determinada, ela iria sair dali com um marido naquele dia e nada iria a impedir, nem a possibilidade de que o seu pretendente fosse um total fracassado.
…
Na frente do Restaurante, parou um carro de luxo. Algumas pessoas que estavam passando, pararam para olhar. Não era todos os dias que se via um modelo exclusivo de carro parado.
A porta se abriu e saiu Frederico e logo após, saiu Javier Belford, um dos homens mais ricos do mundo.
Sua presença imponente conseguia chamar mais a atenção do que o carro e as pessoas que passavam não conseguiam ignorá-lo, se perguntando que era aquele homem que tinha uma aura que demonstrava riqueza e poder.
Javier não estava feliz, ele que costumava ter em seu rosto uma expressão de poucos amigos, agora estava com uma expressão ainda pior.
Javier arrancou o seu paletó e empurrou para o seu assistente, Frederico, e este logo entregou a ele outro paletó surrado e xadrez. Após, Javier colocou um óculos sem lentes, bagunçou um pouco os cabelos e olhou para o seu assistente.
Frederico ficou confuso e acuado, tentando entender o que fez de errado para o seu chefe estar o encarando agora.
— Vamos, diga logo!
— Dizer?! — Frederico ficou ainda mais perdido.
— Eu deveria demitir você, não presta para nada! Deixe! Eu vou entrar e essa aparência deve ser o suficiente! — Javier disse se virando de costas.
— Ah! Era isso! Você queria que eu dissesse se estava aparentando bem. Javier, o senhor ficou ótimo com esse paletó, no seu corpo essa roupa de um dólar agora parece que vale mil vezes mais!
Javier se virou e seu olhar era de matar, Frederico logo se encolheu, se perguntando se aquele dia era o dia que finalmente o seu chefe iria matá-lo.
— Se queria me incentivar, não incentivou! Não era para me elogiar, estúpido! Não se esqueça que não quero revelar a minha real identidade!
— Ah! Me desculpe, senhor. Não havia entendido. Pois então eu digo que o senhor está péssimo. Sua aparência nesse momento está pior do que a de um morador de rua. Se os moradores de rua te vissem, tenho certeza que seriam eles que te dariam moedas. Tome cuidado para não encontrar algum representante da ONU em seu caminho, pois com certeza iriam te levar para um abrigo e te alimentar com ração humana. Você parece tão pobre, mas tão…
— Aaaa! — Javier gritou, farto dos exageros de Frederico — Cale-se! Me espere aqui e seja discreto!
Javier entrou no restaurante onde estavam acontecendo os encontros as cegas. Ele tentou disfarçar sua aparência, pois não queria que as mulheres que encontrasse se interessassem por ele.
Javier estava ali a pedido de sua mãe que insistia para que ele se casasse. Ele pensou em ir àquele encontro as cegas e provar para sua mãe que, na verdade, ele nunca se casou, pois nenhuma mulher queria se casar com ele.
Porém, a verdade é que aos 50 anos, Javier se deu conta que todos os relacionamentos que teve foram superficiais. Ele era tão rico que as mulheres que se aproximavam dele eram todas iguais, elas se esforçavam muito para conquistar ele, algo que para ele, fazia com o que jogo da conquista fosse fácil demais.
Javier desistiu do amor há muito tempo, pois entre as pessoas que convivia, amor era como uma transação de interesses, apenas negócios. E nesse negócio ele não estava interessado em investir.
Javier pegou um número qualquer e se dirigiu a mesa. Ele se sentou e olhou as horas no relógio, se perguntando quanto isso demoraria.
— Eu também não tenho a intenção de demorar muito nesse lugar também. Vamos aos negócios?
A mulher falou e imediatamente Javier levantou a cabeça e olhou para ela. Ele observou que ela estava bem vestida, com uma camisa de linho branca com apenas os botões da gola abertos, escondendo o seu colo. Observou que a forma como se vestia era como se fosse mesmo fazer um negócio.
Ela era bonita, usava uma maquiagem leve e seus olhos verdes eram determinados. Ele não viu nenhuma intenção de sedução em seu olhar, mas se sentiu atraído por ela.
Javier pensou que, não queria se casar, mas que talvez após convencer a sua mãe a parar de cobrar a ele casamento, ele até poderia chamar aquela mulher para um jantar com ele, ou até para uma noite de na sua cama.
— Por que está me olhando assim? Tem alguma coisa na minha cara? — Elizabeth diz, passando a mão no rosto.
— Não posso te olhar? O nome é encontro às cegas, mas não significa que eu não posso olhar para a minha pretendente.
— Eu? Sua pretendente? Não, vamos mudar as coisas, meu nome é Elizabeth e você é o meu pretendente. Qual o seu nome mesmo?
— Javier… Somente Javier.
— Certo. Javier, eu tenho uma proposta para você.







