Favela que resiste.
A noite mal tinha esfriado depois do confronto com a ONG da Lívia e já corria um burburinho pelo morro todo. A Lex Boutique tava firme, mas os olhos de todo mundo tavam voltados pra Alexia e Rael. A quebrada queria saber o que ia ser agora. Deixar quieto ou responder alto?
No outro dia cedo, antes mesmo do sol rasgar o céu, Rael tá na laje da sede, com MT, Alicia e Alexia. Tinha mais gente vindo. Dona Irene, que era respeitada pelas parteiras. Seu Carlão da sinuca. Tainá, que organizava roda de leitura com as criança. Os pastores, o pessoal do terreiro. A favela toda, num só ponto.
Rael puxou a palavra com voz firme:
— "Não é só sobre loja, não é só sobre ONG. Tamo falando de manter nossa autonomia. De não deixar nego de fora querer meter o dedo aqui sem saber do corre. Treloso tentou vir pela esquerda, mandou laranja. Mas a gente já sacou o jogo. E agora a gente mostra que aqui tem raiz."
Alexia entrou na conversa, com os olhos acesos:
— "Não vai ter tiro, não vai ter grito. Vai ter