Do fundo do poço, nasceu flor.
Luna acordou antes do sol nascer.
Camile resmungava baixinho, e ela logo esticou o braço, pegando a bebê com cuidado, tentando não acordar os outros dois.
— Shhh, meu amor... mamãe tá aqui...
Deu de mamar no silêncio da madrugada, só com o barulho da cidade ainda dormindo misturado com os primeiros passarinhos cantando lá fora.
Era estranho.
Ela, que já tinha acordado em quartos escuros, com medo de respirar alto, agora era quem acolhia o medo de três seres tão pequenos.
E mesmo com os olhos cansados, com as costas doendo, Luna sorria.
**
Depois que amamentou os três, levantou devagar, amarrou o cabelo num coque bagunçado, lavou o rosto na pia da cozinha e pegou o caderninho dela. Escrito à mão, com letra redondinha.
Era o Diário do Recomeço, como ela mesma batizou.
Ali, escrevia tudo:
Desde o primeiro chute da barriga, passando pelos pesadelos que às vezes ainda vinham, até os planos de botar uma estante no quarto pras coisas dos bebês.
“Hoje é dia de agradecer.
Não teve tiro.
Não te