A queda de Treloso.
O rádio chiava com uma frequência estranha, como se o próprio morro estivesse tremendo. O ar tava pesado naquela madrugada, mais do que o normal. A Rocinha parecia prender a respiração. Lá do alto, dava pra ver os meninos se posicionando, os rádios passando o papo rápido: "Treloso vai descer pela rua principal com reforço. Vem pesado."
Sheik, já com o colete fechado no peito, olhou pro PV do lado. Os dois não trocavam mais palavras, já se entendiam no olhar. Sabiam que a guerra ia estourar de vez ali. O mapa tinha sido traçado horas antes, com os aliados do Borel e os donos das bocas da Rocinha reunidos numa laje, traçando rota, ponto de ataque e defesa.
— Quando ele meter o pé, vai ter bala de volta de cinco morros diferentes. — PV falou baixo, com um cigarro apagado no canto da boca.
— Então a gente segura com honra. — Sheik respondeu, firme.
A madrugada virou manhã em silêncio, mas o silêncio de guerra é diferente. É um silêncio que faz o coração bater mais rápido. A tensão rasgava