O sol mal tinha raiado e a movimentação já começava forte ali no alto da Rocinha. A entrada principal da antiga casa abandonada — que agora era sede provisória da Rede das Fortes — tava diferente. A parede de fora ganhou cor. Pintaram tudo de rosa queimado com letras brancas:
“Rede das Fortes — Aqui mulher fala alto e vive em paz.”
Alexia tava ali desde cedo, de boné, cabelo preso e lista na mão. Organizando geral, tipo gerente de obra mesmo. Tinha pedreiro da comunidade, eletricista, encanador, um ajudando o outro. Tudo feito com vaquinha que as próprias moradoras organizaram junto com a grana que conseguiram com a feirinha do evento.
— Ô Zé, lembra que a salinha de atendimento precisa de tomada em tudo quanto é canto, hein! Psicóloga vai trazer notebook.
— Pode deixar, chefe. Aqui vai virar clínica cinco estrelas, cê vai ver!
Luna chegou logo depois, com a baby Camile no sling e um caderno na mão, cheio de rabiscos e planos.
— A sala do fundo vai ser a de acolhimento, tá? Com sofá,