Peso do Borel.
A Rocinha não dormia mais em paz.
Depois do último ataque de Treloso, o clima ficou pesado. Criança não brincava mais na rua, os bares fechavam cedo, e a galera andava com o olhar girando nos quatro cantos, desconfiada até da sombra. Rael tava mais calado que o normal, e Alexia já percebia no olhar dele que vinha coisa grande por aí.
Na laje da base, o rádio chiava sem parar.
— Confirmado, parceiro. O bonde do Borel já desceu. — falou um dos olheiros, com a voz trêmula no rádio.
Rael olhou pro alto, passou a mão na testa suada e soltou:
— Então vamo receber os irmão.
Ninguém ali esperava moleza. O reforço vindo do Borel era sinal de que o bagulho tava feio mesmo. Era como chamar tropa de elite na quebrada. Aqueles caras não vinham só pra olhar o movimento — vinham pra guerra.
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A van branca subiu a ladeira devagar, com os vidros escuros e a música no talo. Os moradores se encolhiam nas portas, só de ver o carro, já sabiam: os caras do Borel tinham chego.
Quando a porta abriu, desceu