Visita na calada
A noite tinha caído pesada na Rocinha. O céu tava encoberto, e a lua mal dava as caras. Parecia até aviso de que coisa ruim rondava. Rael tava sentado na laje, olhando tudo de cima. O radinho no ouvido captava os sussurros da quebrada, cada canto da favela tinha olho dele vigiando. Desde a reunião com os aliados, ele sabia que o tempo de falação tinha passado. Agora era tempo de agir.
— Puxa o cerol em quem vacilar — ele resmungou baixo, quase num mantra.
Alexia subiu a escada devagar, trazendo duas latinhas de refrigerante e um pacote de biscoito. Ela sabia que quando ele tava daquele jeito, silencioso, era porque a cabeça dele tava cheia de plano e preocupação. Ela não falava muito, só sentava do lado e fazia companhia. Isso já bastava pra Rael se sentir em casa.
— Come alguma coisa, vai. Tô vendo que tu tá só o osso pensando — ela disse, estendendo o biscoito.
Rael aceitou com um sorriso de canto, mas o olhar dele continuava longe, perdido entre as vielas e os telh