Reunião de Responsa.
O sol nem tinha esquentado direito e o Borel já tava num silêncio esquisito. Depois do corre de ontem, o clima tava denso, pesado mesmo. As vielas, que sempre acordavam com barulho de criança, panela e rádio tocando funk, hoje tavam num silêncio quase respeitoso. Quem podia, evitava sair. As tiazinhas espiavam pelas frestas das janelas, os cara só trocavam olhar e ninguém falava nada alto. A favela tava respirando tensão.
Lá em cima, na laje da antiga oficina, Sheik já tava na responsa. O olhar dele denunciava que a noite foi de pouco sono. Corrente de ouro no peito, copo de café na mão e a mente trabalhando a mil. Depois do que aconteceu, ele sabia que não dava mais pra adiar: era hora de reunir os certos e decidir o destino de quem cruzou o limite.
Rael chegou primeiro. Subiu calado, cumprimentou só com aceno os dois segurança na escada. Tava de moletom preto e cara fechada, o tipo de cara que já sabia que o papo ia ser sério.
— Firmeza, Sheik? — ele disse, estendendo a mão.
— Firme