123. CONTINUAÇÃO
Lúcia olhou para ela desconcertada, semicerrando os olhos como se a informação não encaixasse totalmente na sua mente.
—O que queres dizer com isso, filha? —interrompeu. —Não disseste que dormias com ele?
—Sim, mamã, e é verdade —respondeu Coral com naturalidade, surpreendentemente tranquila, como se o assunto não tivesse grande relevância—. Mas ele nunca me viu de forma diferente de como se vê uma filha. Ele criou-me como se eu fosse sua filha.
—Oh, graças a Deus! —exclamou Lúcia soltando um suspiro de alívio que parecia arrancar um grande peso do seu peito.
Não esperou nem um segundo mais; virou-se para Vicencio, abraçou-o como se estivesse há anos à espera deste momento e depois encheu-o de beijos no rosto. A sua emoção não tinha limites.
—Obrigada, Vicencio, muito obrigada —repetia sem soltá-lo. —Vou estar eternamente grata por cuidares da minha menina. Pede-me o que precisares, a partir de hoje podes contar comigo para tudo. Muito obrigada, muito obrigada.
—De nada, senho