— Me conte exatamente o que aconteceu ontem à noite. — O tom autoritário domina, mas há algo escondido que só aumenta minha irritação.
Viro-me para encará-lo, observando enquanto ele fecha a porta e cruza os braços, assumindo uma postura de quem espera respostas imediatas.
Não é engraçado essa situação?
O pensamento percorre minha mente com ironia amarga.
"Fale enquanto eu permaneço calado."
Como se fosse minha obrigação me render às vontades deles.Inspiro fundo, tentando disfarçar o peso desse raciocínio. Mas no final das contas, sei que eles precisam mais de mim do que eu deles. A constatação me dá uma sensação estranha de controle, embora o ambiente ao meu redor grite o contrário.
— Acredito que você não precisa saber. — Minha resposta sai curta, carregada de sarcasmo. Eu sabia que isso o irritaria.
Ele dá dois passos na minha direção, segurando meus ombros com firmeza, mas não o suficiente para me machucar. Ainda assim, a proximidade é sufocante.
— Eu preciso saber, Desirée. Não c