Narrado por Lorenzo
Fui exilado. Expulso daquilo que deveria ser meu por direito. Não por Vittorio, que era meu tio, mas por Anna. A nova matriarca da família Montanari. Ela, que se casou com Enzo e estava grávida, um símbolo vivo do futuro que eu deveria ter comandado.
Meus primeiros dias exilado, foram horríveis. Primeiro eu estava na rua, não era ninguém. Depois alguém me ajudou, me deu um lugar para dormir e um prato de comida, eu virei um indigente, sem nome, sem documento, sem dinheiro, sem nada.
Durante semanas, o vazio me consumiu. Pensei estar enlouquecendo. Falava com as paredes. Com a sombra do armário. Com o vulto da minha própria consciência. Acordava gritando. Dormia chorando. Sonhava com o rosto dela e acordava encharcado de suor e desespero.
No início, achei que era culpa. Depois, percebi, era amor, paixão, desejo, ou o que restou dele. Um amor podre, mal resolvido, negado, que virou obsessão na minha cabeça.
Sim, eu desejei Anna. Muito antes de Enzo sequer se dar cont