Os dias seguintes se arrastaram como um castigo. A ausência de Enzo era uma ferida aberta em mim, uma presença ausente que ocupava cada canto da mansão. Ele partira na manhã seguinte àquela madrugada em que quase fomos mais do que desejo. Não deixou bilhetes, nem promessas, só aquele último olhar, o tipo de olhar que fica preso no corpo mais do que um toque.
No começo, tentei me convencer de que era melhor assim. Que aquilo era loucura, que o que sentimos não podia florescer em meio a tantas verdades escondidas, em meio à confusão que minha vida se tornara. Mas bastava fechar os olhos para sentir as mãos dele na minha pele, o cheiro dele na minha memória, o gosto dele nos meus lábios.Sem Enzo, o mundo parecia suspenso. Fiquei dias andando pela casa, evitando a biblioteca, o jardim, o terraço, qualquer lugar que me lembrasse dele. Mas tudo lembrava. Até o silêncio carregava a voz dele.Foi nesse silêncio que os fantasmas começaram a sussurrar.Na