A noite desceu sobre a mansão Montanari com um silêncio denso, como se cada sombra carregasse segredos demais. O vento atravessava os jardins com um sussurro frio, espalhando o perfume adocicado das magnólias que floresciam mesmo fora de tempo, como se o mundo ao redor também tivesse perdido a noção de ordem.

Não consegui pregar os olhos. O quarto estava escuro, mas minha mente era um redemoinho de memórias e confusão. A conversa com Vittorio se repetia como um eco insistente, e cada palavra parecia cavar um buraco mais fundo dentro de mim.

"Seu sangue é mais escuro do que imagina."

Fechei os olhos, mas vi de novo a expressão dele quando disse aquilo. O peso da verdade latejava no meu peito. Eu não era só uma forasteira, uma jovem acolhida pela bondade da família Montanari. Eu era o elo proibido entre duas linhagens rivais. Meu pai biológico era um Caimi. E minha mãe... minha mãe amou Vittorio Montanari. Aquilo nunca deveria ter acontecido. Mas aconteceu.