Não consigo deixar de sorrir ao vê-la tão atrapalhada, perdida em seus próprios pensamentos enquanto lava a louça. Apesar do jeito desajeitado, ela tem uma beleza natural que me encanta. Encosto-me na parede, cruzo os braços e a observo em silêncio, aproveitando o momento em que ela não percebe minha presença.
Ela canta baixo, distraída:
— Ayer te vi solita... esa carita bonita...
Seu cabelo preso em um coque deixa seu pescoço exposto, vulnerável, convidativo. Me aproximo em passos silenciosos e, quando estou suficientemente perto, falo baixo, quase como um sussurro em seu ouvido:
— Canta muito bem.
Ela estremece ao ouvir minha voz. Se vira rapidamente, ficando perigosamente perto de mim. A respiração dela está alterada, e os olhos arregalados.
— Posso ajudar o senhor? — pergunta tentando soar firme, mas não consegue esconder o desconforto. Parece irritada. Interessante.
— Está irritada. — comento, analisando seu rosto. Ela desvia o olhar.
— Estou normal, senhor. — mente, e eu