HADES AMBROGETTI
Estou dirigindo sem rumo, com a mente presa onde eu não queria estar. Sei que deveria ir ao cemitério, visitar aquela lápide fria... mas só de pensar naquele lugar, naquele silêncio eterno, sinto meu peito se apertar como se faltasse ar. Não hoje. Não agora.
Paro no sinal vermelho, observo o reflexo da chuva nos vidros e, por acaso, vejo um ônibus parado à minha frente. E então me vem à mente Esmeralda. Provavelmente ainda presa no trânsito.
Pego o celular, vou até meus contatos e lá está o nome dela. Hesito por um segundo. Que diabos eu estou fazendo? Mas clico em ligar. Uma, duas, três chamadas e então:
— Alô? Quem é? — sua voz sai abafada, provavelmente por causa do barulho do ônibus.
— Onde está seu ônibus? — pergunto direto, quase consigo imaginá-la franzindo a testa, mordendo o lábio inferior, confusa com a ligação.
— Hades? É você?
— Sim. Agora responda.
— Como tem meu número? E desde quando tem? — rebate, desconfiada.
— Não se apegue a detalhes, queri