Mundo ficciónIniciar sesiónO relógio marcava quase nove da noite quando Isadora finalmente salvou o último código no sistema. O andar estava quase vazio, só alguns computadores piscando no escuro. Ela espreguiçou-se na cadeira, os ombros doloridos, quando ouviu passos firmes ecoando pelo corredor.
— Ainda aqui? — a voz grave ecoou pela sala de TI. Ela se virou e lá estava ele, impecável mesmo no fim de um longo dia. Leonardo apoiou-se no batente da porta, as mãos no bolso, como se fosse natural aparecer ali, quando todos já haviam ido embora. — Terminei agora — respondeu, fechando o notebook. — Não gosto de deixar nada pela metade. Ele entrou na sala, aproximando-se devagar. — É exatamente por isso que você me chama atenção. As palavras saíram como um sussurro perigoso. O coração de Isadora disparou. Ela desviou o olhar, tentando manter o foco. — Somos profissionais, Leonardo. Aqui dentro não pode… Ele ergueu uma mão, interrompendo-a suavemente. — Eu sei. — Aproximou-se mais, agora tão perto que ela podia sentir o perfume dele misturado ao leve aroma de café. — Mas não consigo apagar da memória o que aconteceu entre nós. Isadora recuou um passo, mas acabou encostando na mesa atrás de si. Estava presa. E ele sabia disso. — Eu também não consigo — admitiu num fio de voz, os olhos fixos nos dele. — Mas se alguém nos visse agora… A tensão se partiu quando Leonardo inclinou-se, o rosto perigosamente próximo. — É esse o problema, Isadora. Eu não me importo se alguém ver. O que me assusta é o quanto eu quero você, mesmo sabendo que não deveria. Ela sentiu a respiração falhar, as mãos tremendo. Podia afastá-lo. Podia colocar um ponto final. Mas quando ele roçou os lábios de leve em sua pele, apenas um toque suave perto da boca, a razão cedeu ao desejo. Foi nesse instante que o som de passos no corredor os fez congelar. Alguém ainda estava no andar. Isadora empurrou-o levemente, os olhos arregalados. — Vai embora. Agora. Ele a fitou por um instante, os olhos queimando de frustração e desejo contido. Então, respirou fundo, recuou e ajeitou o paletó como se nada tivesse acontecido. — Boa noite, senhorita Ribeiro — disse, formal e frio, antes de sair pela porta. Ela ficou sozinha, o coração martelando no peito. Naquele instante, percebeu que não era mais uma simples funcionária tentando manter a distância. Já estava envolvida demais. - O dia tinha sido longo, cheio de reuniões e relatórios que pareciam nunca acabar. Isadora tentava manter a concentração na tela, mas a cada mensagem de Leonardo pedindo uma revisão “urgente”, sentia que havia algo a mais nas entrelinhas. Quando recebeu a convocação para uma reunião privada em sua sala, às oito da noite, soube que não havia escapatória. A sala do CEO estava quase às escuras, iluminada apenas pelas luzes da cidade refletidas nos vidros. Leonardo estava de pé, olhando para fora, as mãos nos bolsos, o corpo rígido. — Feche a porta — disse sem se virar.






