Narrado por Anya Petrova
O espelho refletia uma versão de mim que eu quase não reconhecia. Cabelos presos em um coque apressado, vestido simples escolhido por Irina, a pele pálida demais para uma mulher que deveria estar se preparando para o café da manhã em uma mansão. Eu parecia uma atriz ensaiando um papel que não queria interpretar.
Passei a mão pela barriga ainda discreta, buscando forças no pequeno segredo que crescia ali dentro. O bebê era a única âncora, o único motivo para eu respirar fundo e seguir em frente.
Estava prestes a sair do quarto quando ouvi a batida na porta. Seca. Duas vezes. Meu corpo se enrijeceu antes mesmo de vê-lo.
A maçaneta girou.
Dmitri entrou como se fosse dono do espaço, e era. Terno escuro, camisa aberta no colarinho, olhar cortante que carregava a noite inteira de alguém que não precisava dormir para continuar no controle.
Ele me observou por alguns segundos, em silêncio. O suficiente para que meu coração começasse a martelar no peito.
Dmitri: — Está