Narrado por Dmitri Volkov
Eu ouvi.
Cada sílaba, cada palavra, como lâmina atravessando a carne. Não foi planejado, não foi buscado. Simplesmente estava passando pelo corredor quando a voz de Anya escapou do quarto. Baixa, nervosa, mas carregada de algo que não combinava com ela nos meus primeiros dias: ternura.
“Eu acho que estou amando ele.”
A frase se repetia na minha cabeça desde que deixei a porta e caminhei até a sala do hotel, como se meu próprio sangue tivesse se contaminado com aquilo. Anya Petrova, a mulher que deveria ser apenas a mãe do meu filho, uma peça estratégica, estava mexendo com algo que eu não sabia lidar.
Passei o dia inteiro fingindo normalidade. Dei ordens, assinei papéis, falei de negócios com os conselheiros por telefone. Mas a voz dela não saía da minha mente.
À noite, já não suportava mais. Encontrei Mikhail na sala de estar do hotel. Ele estava bebendo uísque, sempre com aquele ar de quem sabe mais do que deveria.
— Preciso falar com você — disse, a voz ma